Sindicatos descontentes com simplificação da avaliação dos professores .
Ministra não suspende mas simplifica avaliação dos professores.
Oposição diverge sobre simplificação do modelo de avaliação docente.
Continuo a manter o que defendi nas 10 teses sobre a crise da avaliação docente, nomeadamente nas últimas três sobre a forma de relançar as negociações. Contudo...
É impossível não reconhecer que a Ministra da Educação fez um esforço para responder às dificuldades práticas reais envolvidas no modelo de avaliação - sem, obviamente, deixar cair o modelo. Vamos ver, de seguida, quem faz jus ao epíteto de arrogante.
De qualquer modo, as decisões do governo, esta tarde, já provocaram reacções, mais uma vez, esclarecedoras. Alguns disfarçaram durante algum tempo o que realmente queriam. Mas, de repente, deixam cair a máscara.
Lê-se no Público que o secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) considerou que as alterações anunciadas hoje pela ministra da Educação não representam "nenhuma mudança de paradigma", mantendo-se, no essencial, "um modelo de avaliação eminentemente punitivo, que serve apenas para impedir que a maioria dos professores possa progredir na carreira e chegar aos patamares mais elevados de remuneração". Portanto, voltamos à mesma cantiga: todos os soldados terão de ser, mais tarde ou mais cedo, generais.
A Fenprof, escreve também o Público, alertou que o modelo provoca competição entre os professores, o que vai contra a "cooperação e trabalho de equipa" necessária nas escolas. Sobre isso, repito o que aqui já escrevi anteriormente: «a confusão perniciosa entre relações profissionais e relações pessoais, misturada com uma concepção paternalista das relações de trabalho, alimenta o medo da avaliação rigorosa. Escrever que "a avaliação fomenta problemas interpessoais entre professores" (Daniel Sampaio, Pública, 16/11/08) é tentar infantilizar os professores, como se eles fossem incapazes de fazer da avaliação um exercício profissional (como fazem tantos outros profissionais altamente qualificados) e só pudessem cair na armadilha de fazer da avaliação profissional uma questão de conflito pessoal.» (excerto da Sexta das 10 teses)
Parece que a teoria de que "nós queremos a avaliação, só não queremos esta", é uma teoria em acelerada decomposição. É tempo de caírem as máscaras e separar as águas: quem está neste processo de boa-fé, quem está a esconder o jogo e a fazer batota.
A oposição partidária, essa, reclame-se de esquerda ou de direita, mantém-se na posição oportunista de tentar traduzir em ganhos eleitorais a batalha docente - o que não seria em si mesmo de espantar, não fosse o caso de ir ao extremo de não ligar nenhuma aos interesses profundos da escola pública.
É tempo de reconhecer quem quer dialogar e resolver os problemas e quem quer apenas ganhar uma guerra político-sindical. As aspirações de algum líder sindical a sucessor de Carvalho da Silva na coordenação da CGTP não deveriam sobrepor-se ao interesse do país.