"Deixem-nos ser professores" é um slogan muito batido na luta contra a avaliação dos professores. Quer dizer basicamente isto: o nosso trabalho é ensinar, não é avaliar os colegas, a avaliação é desperdiçar tempo que seria útil a ensinar por causa de coisas inúteis que são laterais à nossa função.
Ora, neste sentido, aquele slogan é aberrante. Faz de conta que o ensino é uma relação quase-fechada entre professor e aluno: desconsidera que a escola é uma organização, que o conjunto dos professores é uma equipa, que dentro de uma equipa ou de uma organização deve haver cooperação, que numa organização parte das tarefas essenciais são precisamente organizativas. É como se, numa empresa, se dissesse que todas as funções de gestão, coordenação, monitorização, controlo, ... são funções inúteis. Aquele slogan só faz sentido no quadro de uma concepção radicalmente individualista, anti-social, anti-organização, anti-cooperação, anti-coordenação.
Será que os professores são uma espécie de anarquistas radicais? Não me parece. Mas, mesmo que o fossem, deveriam, pelo menos, prezar a auto-organização. Essa, sim, poderia ser uma alternativa interessante. Mas mais trabalhosa...
Professores, por favor: entendam que defendem melhor a vossa causa se extirparem o oportunismo, o facilitismo e a demagogia do vosso seio. Essas infiltrações podem dar cabo do vosso edifício. E todos perderemos com isso. Porque os professores são, sem dúvida, parte da seiva de um país.
Avaliação vai continuar nos moldes acordados com sindicatos, garante Sócrates.
Ministra admite que alterações provoquem "desmotivação" aos professores, alegando, no entanto, que essas mudanças são necessárias.