Estava eu ali abaixo a elogiar os canivetes suíços... mas a União Europeia é uma espécie bizarra de canivete suíço.
Fala-se muito, a propósito da crise em curso, da diferente abordagem dos americanos e dos europeus à situação. Ora, os EUA são um único país e, por isso, não parece estranho que se fale da sua abordagem única. Mas os europeus da UE são 27 países e, mesmo assim, fala-se da "abordagem europeia". Isso quer dizer, por exemplo, que os governos de direita, que são maioria na UE, e os governos social-democratas e socialistas, que são muito minoritários, têm aparentemente, grosso modo, a mesma abordagem "europeia". Não será isso um tanto estranho? As putativas diferenças ideológicas são apenas diferença de "cor"? E que "cores" são essas?
É claro que, para lá das diferenças ideológicas, podia haver uma abordagem europeia. Como houve no tempo de Delors como presidente da Comissão Europeia, quando se tentou desenhar uma "bissectriz" que aproveitasse o melhor da dinâmica da direita política e o melhor da dinâmica das esquerdas. Mas, quando o Sr. Barroso é o canivete suíço da UE, a "abordagem europeia" não passa do mínimo denominador comum: um pensamento único tão estreito, tão estreito, que não passa dos mínimos nas actuais circunstâncias. Uma não existência perigosa. Pouco mais do que um corredor de passagem para saber o que se passa antes de aparecer nos jornais. Um canivete suíço ideológico.
Economia portuguesa entra em recessão técnica este ano.