31.1.14

esse bicho que morde as entranhas da esquerda.


Liderança, supermulheres, mitos e contraditórios, por Sara Falcão Casaca.

A unidade da esquerda, ou lá como se chama esse bicho, transformou-se num animal sem alma: é já largamente uma figura geométrica estudada para arremessar à cabeça dos concorrentes. Por isso (e porque, desde a minha bancada de social-democrata do PS sempre me bati por essa unidade alargada e plural) é preciso encontrar outros caminhos.

Deixem-se de paleio orgânico (quantos braços terá o bicho e qual o tamanho das pernas, nome que se poderia dar a coisas que se andam para aí a discutir) e escolham causas concretos e fundamentais. Dou quase sempre o exemplo da Europa: enquanto as esquerdas portuguesas não tiverem sobre a Europa uma posição comum que possa ser a melhor voz para um Portugal ao mesmo tempo sem sonhos nacionalistas e isolacionistas, aberto ao mundo e, também, sem ilusões acerca da "amizade" dos grandes, enquanto isso não existir não haverá esquerda capaz de governar esta terra.

Acrescento outra causa, grande e concreta ao mesmo tempo: a condição da mulher. A discriminação mais abrangente, mais profunda e mais enraizada culturalmente, e também mais violenta, é a persistente e resistente discriminação de múltiplas formas em desfavor das mulheres. E, do mesmo passo, contra todas as pessoas inteiras, que se sentem também atacadas por essa discriminação.

Caramba, ainda há quem duvide de que a Esquerda pode servir para alguma coisa, desde que lute por causas e não pelo formato do bicho?