Comentadores de todas as formas e feitios (desde obtusos a oblongos) estão, dizem eles, preocupados por a campanha eleitoral estar a empecilhar a execução do memorando de entendimento com os emprestadores. Querem que os partidos que apoiaram o memorando nomeiem "alguém" (um comissário) para ir adiantando trabalho.
Espanto-me.
Espanto-me, porque dão de barato que as eleições não servem para nada. E se o BE e o PCP ganharem as eleições? É impossível, dir-me-ão. Mas as eleições servem para impossíveis desses poderem concretizar-se, caso contrário não vivemos em democracia. Em todo o caso, não será indiferente que ganhe o PS ou ganhe o PSD, segundo afiançam tanto PS como PSD. Mas os comentadores referidos dispensam bem a democracia: a suspensão da democracia por seis meses (a "ideia" de MFL) só pecava pela alínea dos seis meses...
Espanto-me, porque vêem com tão grandes olhos que não dava jeito nenhum estar a gerir uma crise política no meio de tão grande turbulência económica, mas, curiosamente, esquecem-se de dizer quem provocou esta crise política. Esquecem-se de dizer que Passos Coelho quis eleições no país para não ser apeado de presidente do seu partido. Se supõem que PS, PSD e CDS podiam estar a trabalhar em conjunto para executar o memorando, por que razão não disseram na altura que PS, PSD e CDS podiam ter trabalhado juntos para concretizar o PEC IV?
Definitivamente, o partido dos comentadores entrou para a coligação FMI-PSD, mas esqueceram-se de avisar...
(Claro, não interessa nada a esses senhores que, do lado da troika, se diga que não há sobressalto nenhum quanto ao cumprimento do memorando.)