Os míticos "independentes" nas candidaturas a órgãos do Estado democrático não correspondem à encomenda. Como em todos os mitos, aliás. Os "independentes" são foragidos dos partidos, nos casos em que os partidos eram a última barreira contra a indecência. Quando os partidos foram capazes de impor a sanção política, que tem de ir para além da sanção judicial por mor da causa pública, e correram com quem mostrava um currículo impróprio - os foragidos tornaram-se "independentes". Com o aplauso de "gente de bem", como Otelo Saraiva de Carvalho que veio a terreiro defender o Isaltino de Oeiras.
Esta situação defrauda todos aqueles que esperavam que as candidaturas independentes fossem uma porta aberta para cidadãos vindos de fora dos recintos partidários poderem refrescar a vida pública. Não devemos, pois, fechar essa porta. Mas devemos impedir que ela se torna uma fronteira sem lei.
Proposta: só pode candidatar-se como independente nas eleições autárquicas quem não tenha exercido mandato em qualquer órgão autárquico, em representação de algum partido, num dado período imediatamente anterior à apresentação da candidatura. (Sugere-se que esse período corresponda a mandato e meio em velocidade cruzeiro.)
Propostas de alteração?
Aditamento. Entretanto, surgiu esta notícia:
PS prepara expulsão de militantes que se candidataram como independentes.
Por mim, acho perfeitamente normal que a um jogador do Leixões não seja permitido virar-se a meio do jogo para começar a defender as cores do União de Leiria. Para fazer isso, terá de mudar de clube, segundo as modalidades previstas. Ninguém é obrigado a pertencer a qualquer partido - mas essa pertença tem de ter regras. Por muito que isso desagrade aos individualistas de pacotilha que acham que tudo o que seja colectivo, grupo ou instituição pode ser achincalhado pelo puro egoísmo e irresponsabilidade individual.