17.12.08

o menino jesus vai à escola


Professores em condições de pedir a reforma até 2011 dispensados da avaliação. Dispensados também os docentes contratados em áreas profissionais, vocacionais e artísticas, não integradas em grupos de recrutamento. Estes aspectos juntam-se a outras simplificações resultantes "dos problemas encontrados na experiência prática", visando essencialmente três coisas: impedir a existência de avaliadores de áreas disciplinares diferentes dos avaliados, reduzir a burocracia dos procedimentos previstos e aligeirar a sobrecarga de trabalho que o processo original exigia.

Apoiei genericamente a avaliação de professores proposta pelo governo, defendi que ela não devia ser suspensa e devia ir sendo melhorada à medida que a sua concretização mostrava onde estavam os problemas práticos, entendi que as propostas de simplificação avançadas pela ministra eram um sinal de humildade e de boa-fé no processo, denunciei que a oposição a esta avaliação escondia em muitos casos uma oposição generalizada a qualquer avaliação com consequências, mostrei-me partidário de uma negociação global que englobasse a questão da carreira e que tomasse em conta os erros e injustiças que aí se cometeram.
Agora começo a ter uma suspeita: estão a cortar a chouriço às fatias para ele ser mais facilmente digerido. Pode ser uma táctica politicamente proveitosa. Mas, a meu ver, ter um defeito fundamental: se o povo, que somos nós e não percebemos nada disto, deixarmos de perceber qual é a lógica da posição do Ministério, é possível que deixemos de ter energia para a defender. As mantas de retalhos podem servir para tapar o corpo quando está frio e não há melhor caminho: mas dificilmente podem servir para mobilizar o apoio social de que uma reforma difícil necessita. Comprar os professores com adiamentos pode calá-los, ou até mesmo dividi-los. Mas era preciso mais do que isso: era preciso ganhá-los. Ganhá-los para a razão, claro - não para a conveniência do amuo silencioso.
Enfim, continuo como dantes (as 10 teses).