Mais uma coluna de Francisco Assis sai hoje no Público.
Brevemente, Assis refere-se a um artigo que publiquei há dois dias. (Clicando aqui pode aceder ao texto desse artigo.)
Escreve Assis:
«Porfírio Silva, homem de inequívoca densidade intelectual, dedicou-se a escrever um texto a todos os títulos surpreendente. Depois de um congresso do BE marcado quase exclusivamente por uma algazarra antieuropeia — que teve o seu corolário patético na proposta de realização de um referendo sobre a permanência de Portugal na UE em função da eventual aplicação de sanções ao nosso país —, e nas vésperas de um conclave comunista que não deixará, por certo, de fazer do projecto europeu o bombo da festa da inflamada vozearia marxista-leninista, vem apelar a uma convergência de posições das várias esquerdas sobre a União Europeia. Ou estamos no campo da candura ou já chegamos ao domínio do delírio. Não é que Porfírio Silva não tenha razão naquilo que diz — o problema é que aquilo que ele pretende está em contradição quase patológica com a realidade.»
Obviamente, o que tenho a criticar no que Assis escreve não é que ele me critique. Contrariamente ao próprio Assis, nunca me queixei por ser criticado por outros camaradas. Não sou daqueles que gostam da sua liberdade de expressão, e de poder criticar, mas têm ataques de urticária quando os outros exercem a mesma liberdade. Portanto, nada contra que Assis me critique.
Contudo, Assis denuncia-se a cometer um erro essencial. Assis critica o meu artigo como se o meu artigo fosse um texto de um comentador. Eu estaria a descrever a realidade - e a realidade descrita por mim não seria nada do que eu via.
O erro - crasso - de Assis é que eu não sou um comentador. Eu não faço comentário político. Eu não sou repórter, relator, observador. Nada disso.
Eu faço política. Defendo o que acho que deve ser. Proponho pelo que devemos lutar. Faço combate político. Portanto, o meu artigo, tal como tudo o que escrevo como político, é uma determinação de trabalhar para que aconteça. E, sim, muito daquilo que um político empreende é sobre uma realidade que não existe - mas que queremos fazer acontecer.
O erro básico de Assis é não perceber que eu, como deputado e dirigente do PS, não me limito a descrever a realidade. Razão pela qual não escrevo como cronista. Escrevo como militante por causas e por caminhos em que acredito.
É surpreendente que Assis, sendo também deputado eleito pelo PS, não perceba a diferença. Esse é um erro politicamente muito relevante.
(Para ler na íntegra o artigo de Assis, pode clicar aqui.)
6 de Outubro de 2016