22.3.11

santa ingenuidade


Mário Soares pede intervenção de Cavaco para “impedir uma catástrofe”. «Mário Soares, ex-Presidente da República e ex-primeiro-ministro, acredita que só Cavaco Silva pode evitar que a crise política agrave a crise financeira do país e pede ao Presidente que intervenha na contenda entre PS e PSD para “impedir uma catástrofe”.»

Cavaco Silva há muito que deixou de se interessar por essas "questões menores". Comparado com a sede de vingança por terem mostrado as suas estreitas relações com o bando do BPN e por terem tido a ousadia de falar em voz alta do exemplar "momento português" da casa da Gaivota, o país não interessa nada. A narrativa do herói português, do Professor que consegue andar vinte anos no topo do Estado e continuar a falar de fora "dos políticos", foi manchada - e CS não perdoa isso. Só lhe está a custar que a vingança não venha do seu clã, já que à mentalidade política de CS interessa mais o clã do que o partido. Mas essa preocupação está a milhas de um olhar presidencial sobre o país.
E, claro, não se pode dizer em voz alta qual a verdadeira explicação para Sócrates não ter dito antecipadamente a Cavaco o que ía fazer a Bruxelas na semana passada. Não se pode dizer em voz alta que, se Cavaco soubesse (ou pudesse assumir que sabia), tinha estourado com a estratégia de Sócrates para convencer os outros líderes europeus que Portugal está determinado em honrar os seus compromissos e merece o apoio dos seus pares.
Ter um homem em processo de vingança no topo do Estado é muito perigoso. Seria bom que os que o julgam um aliado compreendessem isso, tal como já compreenderam os que estão na mira de fogo.

(Quanto ao resto, podemos começar a conversa por aqui.)