23.3.11

santos de pau carunchoso


Cavaco culpa Sócrates pela falta de acordo político.

Cavaco Silva, presidente-candidato, insistiu, durante a última campanha eleitoral, em discutir temas de governação e, aí, mostrar-se sempre crítico do governo. Cavaco Silva aproveitou a noite da vitória, depois de um dia de reflexão e um dia de votação a separá-lo da campanha eleitoral, para colocar ácido nas feridas que deviam ter começado a ser tratadas nesse dia. Cavaco Silva aproveitou a tomada de posse como PR para verbalizar a sua oposição ao governo, para estender a mão a manifestações de rua "contra a situação" e para se posicionar do lado dos que defendem que os portugueses não podem fazer mais sacrifícios. Isto é: Cavaco Silva posicionou-se, repetida e coerentemente, como vértice da oposição. Vem, agora, com pezinhos de lã, fazer-se de vítima. Não tem razão nenhuma para isso: o primeiro factor de crise foi um PR que, clara e repetidamente, deu ao país sinais de que estava em Belém para correr com o governo. Um PR de quem se poderia esperar que usaria toda a informação que Sócrates lhe desse para a usar contra Sócrates, contra o governo, a favor dos seus amigos políticos. Nesse sentido, a crise em curso é o primeiro fruto da última eleição presidencial.