8.3.11

e isto é o ovo de que animal?


Perto de uma dezena de jovens do movimento Geração à Rasca manifestou-se hoje em Viseu, quando o secretário-geral do PS, José Sócrates, discursava sobre a sua moção política ao congresso do partido.“Eu fiz questão de dizer que era pacífico, mas fomos corridos a empurrões e houve uma rapariga que levou um pontapé”, lamentou aos jornalistas Paulo Agante, do Movimento Geração à Rasca, que agendou para sábado uma manifestação anti-Governo.

Os partidos políticos que temos são, como instrumentos de cidadania, uma treta. Por todas as razões e mais uma. (Podemos voltar a essa conversa noutra altura.) Só que, pequeno pormenor, sem partidos políticos não há democracia e as tentativas de condicionar a acção dos partidos políticos, enquanto ataque a uma forma organizada de expressar uma corrente de opinião, são, as mais das vezes, sintoma de desrespeito pela democracia.
Assumindo-se explicitamente como representantes do Movimento Geração à Rasca, um grupo de pessoas atacou ontem, em Viseu, uma actividade do Partido Socialista. Não fizeram uma manifestação em espaço público contra o governo ou uma autoridade do Estado. Não. Não foi isso. Introduziram-se de má-fé (comprando bilhetes como se fizessem parte da agremiação) numa reunião partidária, numa acção de preparação do congresso do PS, para a boicotar. Dizem que a acção era pacífica. Nunca vi nenhuma reunião, onde os participantes estejam de boa-fé, na qual as inscrições sejam geridas recorrendo ao megafone e a vozearia. "Pacífica" quer dizer que não bateram em ninguém?! Também era o que mais faltava. (Se uns tantos simpatizantes de Sócrates pegarem em megafones e forem "tomar a palavra" para a manifestação de dia 12, serão acolhidos com simpatia e serão chamados ao microfone para dizerem o que lhes vai na alma?)
Não. As tentativas de condicionar as reuniões partidárias não são acções pacíficas. No passado recente, houve grupos de manifestantes que se juntaram à porta da sede do PS no Largo do Rato para invectivar os dirigentes que para lá se dirigiam. Agora, invadem uma reunião preparatória do congresso do mesmo partido. É preciso dizer com clareza: estes comportamentos mostram a falta de cultura democrática de quem assim actua. E Sócrates faz mal em brincar com a situação (disse que era uma partida de Carnaval), porque parece que estas pessoas precisam que alguém as informe que não foram elas a inventar o boicote às reuniões dos partidos como método antidemocrático.
Ou, talvez, os que aplaudem o ataque, sem a possível ingenuidade de alguns dos que deram a cara, possam explicar aos activistas de que animal é este ovo.