Para a semana o Parlamento vai discutir as linhas gerais para o PEC de 2012, proposto pelo governo, que será o enquadramento para o orçamento de Estado de 2012. Esse procedimento correrá, mais dia menos dia, em todos os Estados Membros da UE, porque esse é um exercício comum, dentro do chamado "semestre europeu".
Se aquilo que Sócrates tem dito é correcto, essa proposta do governo não terá uma palavra sobre 2011 - já que todo o esforço suplementar para este ano estará dentro dos limites do que foi aprovado com o orçamento para 2011.
Nesse caso, a oposição pode votar contra a proposta e assumir uma de duas coisas: ou está contra o objectivo de baixar o défice para 3% em 2012; ou está a favor mas quer uma via alternativa - alternativa mesmo, no sentido forte, porque não estarão em discussão medidas concretas, mas a orientação geral. Nesse caso, o PCP talvez proponha que não se pague a dívida, ou que se peça emprestado à Bielorrússia, como alternativa à União Europeia. Quanto ao PSD, não estou a ver muito bem o que proporão como alternativa.
Ainda nesse caso, não haverá uma única linha na proposta do governo que dê desculpas à oposição para dizer que o executivo está a ir mais além, em matéria de sacrifícios para este ano, do que foi aprovado no anterior orçamento, para o ano corrente, com o acordo do PSD.
Confesso que estou com curiosidade para ver como, nestas condições, o passismo explica ao país a abertura de uma crise que só pode piorar a situação dos portugueses.