Teresa de Sousa, hoje no Público:
(…) Não se sabe ainda como reagirão os nossos parceiros à nova condição em que o primeiro-ministro chega a Bruxelas nem em que medida isso afectará as negociações do Conselho Europeu. Mas uma coisa é certa: a crise política aberta pelo PSD anula, de um só passo, todo o esforço desenvolvido até agora. (…) Tínhamos ao nosso alcance uma bóia. Conseguimos o feito, verdadeiramente histórico, de optar por um naufrágio. Quisemos afastar o destino da Grécia. É esse, porventura, o destino inevitável que nos espera. (…) Passos Coelho (...) tem de dizer o que pensa que vai acontecer no Conselho Europeu e como é que tenciona lidar com a situação. Não no médio prazo, que é o que corresponde às suas ideias sobre as reformas de que o país precisa para sair deste garrote financeiro e económico. Essas conseguem compreender-se. Mas no curto prazo, que por sinal é já amanhã. O dia seguinte ao Conselho, quando não conseguirmos honrar os compromissos da dívida e nos mandarem recorrer imediatamente ao fundo. Na versão a que tivermos direito. Provavelmente aquela que virá acoplada a um PEC bem mais duro.(…)Resta saber se o efeito pretendido pelo PSD não é mesmo forçar a vinda do FMI, uma profecia de Passos Coelho que estava a falhar. E, de preferência, forçar a vinda do FMI durante o governo Sócrates, para daí limpar as mãos. A história de Pedro e o Lobo desta vez é diferente: Pedro não pede que o socorram do lobo; Pedro convida o lobo e depois grita "ai que ele come-vos, ai que ele come-vos".
(Citação roubada ao Miguel.)