25.3.11

uma pequena lengalenga sobre as greves dos transportes e o FMI


As greves nos transportes continuam. As greves nos transportes são más para os trabalhadores que fazem greve, porque ganham menos (mas deve ser por isso que certas greves são mais bem sucedidas com grupos profissionais que ganham melhor do que se pensa). As greves nos transportes também são más para o pessoal que precisa de se deslocar, porque fica apeado. Contudo - como praticava Tomás de Aquino, há sempre um "contudo" - contudo, as greves nos transportes são boas para as empresas de transportes, porque poupam uma data de massa em salários, em energia, em desgaste do material circulante e coisas que tais. Talvez as greves nos transportes sejam uma maneira de recuperar financeiramente essas empresas. Poupança forçada ou disfarçada (disfarçada + forçada = disforçada). Assim, até nos vamos preparando para a vinda do FMI. Em vez de ter de ser o governo a decretar que a CP só funciona dia sim dia não, para poupar, as greves poupam esse incómodo e ainda facilitam a poupança. Só com uma alteração legislativa a fazer: todas as greves nesses sectores têm de se prolongar durante pelo menos seis meses e decorrer de forma interpolada, dia sim dia não. Sempre é melhor do que fechar simplesmente essas empresas, que dão prejuízo, como lembrava "o outro".

(Ilustração: Cartaz do Sindicato Único dos Transportes [Confederação Nacional do Trabalho, Espanha], sobre a colectivização dos serviços públicos urbanos.)