Em parte, os "donos das crises" são os economistas com a cabeça cheia de modelos que nada têm a ver com a realidade deste mundo - mas que, infelizmente, influenciam os que governam precisamente, não Marte, não Júpiter, não a Lua, mas a Terra. Sim, esta Terra onde vivemos e que eles infernizam com as suas teorias irrealistas. Irrealismo que serve para justificar políticas erradas (mirabolantes), de cujos erros eles nunca pagam as consequências.
Exemplo? A última fornada de prémios Nobel da Economia.
Leia-se Nuno Teles, no Ladrões de Bicicletas:
Para uma análise crítica do prémio mais vale dar a palavra a quem, muito melhor do que eu, conhece o trabalho dos três economistas. Dois bons artigos. O primeiro, de Yanis Varoufikis, começa eloquentemente da seguinte forma: “Imaginem um mundo devastado pela peste e suponham que o Prémio Nobel desse ano é atribuído a investigadores cuja carreira foi baseada no pressuposto de que as pestes são impossíveis. O mundo ficaria revoltado. Assim nos deveríamos sentir relativamente ao anúncio do Prémio Nobel de ontem.” O segundo artigo, de William Mitchell, é um brilhante ataque teórico, arrasador do trabalho galardoado. Não resisto a mais uma citação: “A realidade é que as maiores contribuições deste trio são a de que o desemprego de massas não existe e que o desemprego é, sobretudo, voluntário ou resultado de políticas demasiado generosas de governos “mal aconselhados”.Texto na íntegra aqui.