30.6.09

pina bausch (1940-2009)





mostrar na oposição o bem que se sabe fazer



PS acusa Ferreira Leite faltar à verdade sobre a venda da rede fixa à PT.


Os governos podem fazer muito mal à economia, em particular a certas empresas em que o Estado tem alguma intervenção accionista, estragando-lhes negócios e prejudicando o seu desenvolvimento. Isto todos compreendem. O que nem todos parecem compreender é que as oposições podem causar o mesmo dano, podem também ser impecilhos dos negócios legítimos de empresas com ambições legítimas. Mas para ver isso basta abrir os olhos.


RoboCup 2009 quase a começar

Agora já de Graz, verifico que está tudo em grande azáfama a preparar os últimos detalhes (ou coisas maiores do que detalhes, sei de alguns que estão mais no caso de grandes crocodilos a rondar...). Deixo, porque a viagem foi longa e há aqui outras voltas a dar, apenas algumas fotos a mostrar que estes robots não se compram na loja.


Há tanta coisa a discutir ainda...


E tanta gente tão diferente entre si...


E os robots que são criaturas tão delicadas...

... que às vezes até parecem cercar os seus criadores.

Criadores que não deixam a sua história em casa lá por virem para o RoboCup...

...onde se aprende a cooperar para melhor competir.


Equipas Portuguesas (A caminho do RoboCup 2009, em Graz – 5/5)



Este conjunto de cinco apontamento é uma actividade preparatória para a reportagem diária e em directo que aqui faremos do RoboCup 2009, em Graz (Áustria). A cobertura local começará a 1 de Julho e terminará a 5 de Julho, acompanhando assim todo o período de competições.


Agora que já estamos a voar para Graz, terminamos esta introdução com a lista das equipas portuguesas que estarão presentes. E, atenção, não seremos só nós a estar com o olho em cima das equipas portuguesas: é que, lembremos os eventuais distraídos – ou esquecidos: foi uma equipa portuguesa que venceu uma das principais ligas na anterior edição. Efectivamente, no RoboCup 2008, que teve lugar na China, a equipa CAMBADA, da Universidade de Aveiro, sagrou-se campeã da Liga de Robots Médios na modalidade central (futebol).

Veremos, então, por lá...

Na principal modalidade, competições de futebol, estão qualificadas as seguintes equipas portuguesas:

Liga de Simulação 2D
  • FCPortugal2D, de LIACC (Universidade do Porto) e IEETA (Universidade de Aveiro)

Liga de Simulação 3D
  • FCPortugal3D, Universidade de Aveiro e Universidade do Porto

Liga de Robots Médios
  • CAMBADA, Universidade de Aveiro (Campeã do Mundo em 2008!)
  • ISocRob, Instituto de Sistemas e Robótica (Instituto Superior Técnico)
  • ISePorto, Instituto Superior de Engenharia do Porto


Para o RoboCup Júnior estão qualificadas as seguintes equipas portuguesas:

Futebol
  • APCS Guarda/ VidroEstor (Pólo da Guarda da Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas)
  • AGSG (Agrupamento de Escolas de São Gonçalo, Torres Vedras)
  • Cenatex 1 (Escola Profissional Cenatex, Guimarães)
  • Cenatex 2 (Escola Profissional Cenatex, Guimarães)

Busca e Salvamento
  • Vivinho Team (Agrupamento de Escolas de São Gonçalo, Torres Vedras)
  • APCS Guarda – Montepio (Pólo da Guarda da Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas)
  • Escola Profissional de Braga
  • EPF Rescue (Escola Profissional de Felgueiras)

Dança

  • Naturateam, Agrupamento de Escolas de S. Gonçalo
  • Os Passinhas, Agrupamento de Escolas Pêro de Alenquer (Alenquer)
  • Roll Bots, Escola E.B. 2, 3/S Vieira de Araújo (Vieira do Minho)
  • The Birth of a Dragon, Cooptécnica - Gustave Eiffel


Vá pensando no significado de todos estes robots futebolistas e, depois, participe na consulta orientada pela pergunta "As máquinas pensam?". Como? Votando ao cimo da página ou comentando estes apontamentos.

Reportagem a partir de Graz, aqui neste blogue, amanhã.



29.6.09

robots que se fazem cá na casa


Chama-se Raposa, é um robô e foi desenvolvido no Técnico com o objectivo de ajudar bombeiros a localizar vítimas de sismos ou outras catástrofes.





O desenvolvimento do robô Raposa contou com o contributo de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica, da empresa idMind e dos Bombeiros Voluntários de Lisboa.

O robô, que tem no currículo a participação numa missão de simulacro em Itália, já começou a despertar a atenção no estrangeiro, tendo sido vendido um protótipo para os Emiratos Árabes.

Neste vídeo realizado durante as 4ª Jornadas da Inovação, que se realizaram a meados de Junho na Feira Internacional de Lisboa, pode ver tudo o que o Raposa é capaz, quando se trata de salvar vidas humanas.

(Texto e vídeo da Exame Informática Online)

Parabéns, Rodrigo!

RoboCup: as diferentes ligas da modalidade Futebol (A caminho do RoboCup 2009, em Graz – 4/5)




Este conjunto de cinco apontamento é uma actividade preparatória para a reportagem diária e em directo que aqui faremos do RoboCup 2009, em Graz (Áustria). A cobertura local começará a 1 de Julho e terminará a 5 de Julho, acompanhando assim todo o período de competições.

Como dissemos anteriormente, a principal modalidade do RoboCup, o futebol de competição, organiza-se em várias “Ligas”, que passamos a descrever brevemente.


Liga de Simulação



Na "Liga de Futebol em Simulação" os investigadores não têm de se preocupar com o hardware (com a plataforma robótica física) e podem concentrar-se nos aspectos mais “imateriais” da inteligência artificial e na concepção da estratégia de equipa. Na Liga de Simulação 2D há duas equipas de onze jogadores virtuais e independentes (agentes) a jogar num estádio de futebol virtual representado por um servidor central (SoccerServer). Este servidor sabe tudo sobre o jogo, ou seja, designadamente, a posição actual de todos os jogadores e da bola, bem como a física daquele mundo simulado. O jogo depende muito da comunicação entre o servidor e cada agente, bem como das captações dos sensores virtuais (visuais, acústicos e físicos) dos agentes. Os agentes podem realizar várias “acções”, tais como virar-se ou chutar. Há também uma Liga de Simulação 3D (em que é maior o realismo do ambiente, o que implica, designadamente, uma física mais complexa) e uma Liga de Simulação 3DD (desenvolvimento). Cada jogo dura dez minutos.

Liga de Pequenos Robots




Na "Liga de Pequenos Robots", duas equipas de cinco robots cada, não podendo exceder os 18cm de diâmetro nem os 15 cm de altura (a menos que usem um sistema de visão a bordo), jogam uma contra outra num campo de aproximadamente 5 metros de comprimento por 3,5 de largura, com uma bola de golfe cor de laranja. Os jogos têm duas partes de 10 minutos cada. A maior parte das equipas usa um sistema de visão global do campo, colocado 4 metros acima dele.

Liga de Robots Médios



Na "Liga de Robots de Tamanho Médio", equipas de 5 robots com cerca de 50 cm de diâmetro jogam futebol num campo de 12 x 8 m. Os jogos têm duas partes de 10 minutos cada. Todos os sensores utilizados por estes robots na sua operação vão a bordo dos próprios robots. Pode haver comunicação entre robots, mas sem fios. Não é permitida qualquer intervenção dos humanos durante o jogo, a não ser para colocar ou retirar os robots no/do campo. Um dos principais truques usados há alguns anos para facilitar a vida aos robots, consistente em os objectos relevantes (como balizas, marcas delimitadoras de campo e posições especiais como os cantos, bola) terem cores distintivas previamente determinadas, está progressivamente a ser modificado para aumentar o grau de dificuldade: cada vez mais as equipas terão de se orientar sem essas “ajudas”. Este ano já só um elemento terá uma cor distintiva: a bola. E mesmo isso deve mudar em futuras edições.

Liga de Plataforma Padrão



Nesta liga todas as equipas usam a mesma plataforma (o mesmo tipo de robot físico, o mesmo hardware de base), de modo a que a competição se desenrola em torno da programação, do software. No passado, nesta liga brilhavam os cães-robotos AIBO, da Sony. Agora, temos equipas constituídas por robots humanóides NAO, da Aldebaran Robotics. O jogo (duas partes de 10 minutos cada) desenrola-se num campo com cerca de 7,5 m de comprimento e cerca de 5,4 de largura.

Liga Humanóide


Nesta liga competem robots com uma aparência física que, na sua estrutura global, pretende imitar a das pessoas. Há duas classes nesta liga: KidSize, para robots de 30 a 60 cm de altura; TeenSize, para robots de 100 a 160 cm de altura. Além dos “jogos”, nesta liga há também desafios técnicos


Vá pensando no significado de todos estes robots futebolistas e, depois, participe na consulta orientada pela pergunta "As máquinas pensam?". Como? Votando ao cimo da página ou comentando estes apontamentos.

Próximo apontamento desta série - aqui neste blogue, amanhã.



28.6.09

As modalidades do RoboCup (A caminho do RoboCup 2009, em Graz – 3/5)


Este conjunto de cinco apontamento é uma actividade preparatória para a reportagem diária e em directo que aqui faremos do RoboCup 2009, em Graz (Áustria). A cobertura local começará a 1 de Julho e terminará a 5 de Julho, acompanhando assim todo o período de competições.

Uma das grandes vantagens do formato do RoboCup é que tem um "problema padrão": jogar futebol. Desse modo concentram-se recursos e esforços num mesmo tipo de actividade, segundo regras comuns que todos conhecem e avaliam - em vez de pura e simplesmente andar cada um para seu lado. A medida do sucesso também é simples: os melhores ganham os jogos. Contudo, há muita diversidade no RoboCup: há diferentes modalidades e nem sequer são todas "futebol". Damos aqui um resumo das actividades englobadas pelo RoboCup no actual formato (tal como acontecerá em Graz).

Futebol de Competição (RoboCup Soccer)
É a estrela da companhia, a actividade mais importante do conjunto. Futebol, futebol, futebol. Inclui cinco competições (“ligas”): simulação, pequenos robots, robots médios, plataforma-padrão, humanóides. (Dedicaremos um apontamento específico a detalhar um pouco as diferentes ligas da competição em futebol.)


RoboCup@Home



RoboCup@Home é uma relativa novidade neste universo. Centra-se na interacção humano-máquina envolvendo robots autónomos, em aplicações que tenham vocação para se generalizarem em ambientes “normais” do quotidiano. Um ambiente caseiro é o cenário básico desta modalidade. Este ano inclui uma sala de estar e uma cozinha – mas prevê-se que em edições futuras inclua zonas de jardim, lojas e outros espaços públicos como ruas.


Busca e Salvamento (RoboCup Rescue)


Na modalidade de Salvamento as competições desenvolvem-se em torno do desenvolvimento de robots que venham a ser capazes de efectuar salvamentos em situações de desastre. Inclui uma competição de simulação e uma competição com robots reais. A Liga de Simulação de Salvamento pretende desenvolver os sistemas de apoio à decisão em situações de emergência e concentra-se em aspectos como a integração de informação sobre cenários de desastre, previsão, planeamento e interface entre robots e humanos. A Liga de Robots de Salvamento desenvolve-se em torno de robots capazes de realizar tarefas úteis à detecção e apoio a vítimas em zonas acidentadas de acesso difícil para humanos.


RoboCup Junior



É fundamentalmente uma iniciativa educativa e de sensibilização, que combina cooperação com competição. Todos sabemos que o cenário típico dos nossos dias no que diz respeito ao envolvimento dos adolescentes com computadores é um adolescente frente a um computador, numa actividade isolada e isolante, muitas vezes numa atitude basicamente consumidora. Aqui, o cenário é outro: equipas de humanos, equipas de robots, actividade, aprendizagem, envolvimento. Há várias actividades previstas nesta modalidade: futebol, salvamento, dança.

Demonstrações
Há sempre muito mais para ver em cada edição do RoboCup. Desta vez, teremos, por exemplo, veículos autónomos em ambiente urbano: que tal o seu automóvel ir buscá-lo à praia sem motorista nem nada?

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27.6.09

RoboCup, um teste de Turing de nova geração (A caminho do RoboCup 2009, em Graz – 2/5)




Este conjunto de cinco apontamento é uma actividade preparatória para a reportagem diária e em directo que aqui faremos do RoboCup 2009, em Graz (Áustria). A cobertura local começará a 1 de Julho e terminará a 5 de Julho, acompanhando assim todo o período de competições.

O conceito dos modernos computadores digitais (a “máquina de Turing”) foi "inventado" por Alan Turing num artigo de 1936. Num outro artigo, de 1950, Turing lança outra "pedrada no charco" da reflexão acerca da relação entre mente e máquina.
Querendo considerar a questão "as máquinas pensam?", mas considerando-a, nessa forma, uma questão "demasiado desprovida de sentido para merecer discussão", Turing propõe-se expressá-la noutra forma. Para isso introduz o "jogo da imitação".
Sejam três pessoas: A, um homem; B, uma mulher; C, um interrogador humano que permanece numa sala separada de A e B. O objectivo do jogo é:
- para o interrogador, determinar, com base nas perguntas que dirige a A e a B e nas respostas obtidas, qual é o homem e qual é a mulher;
- para a mulher, ajudar o interrogador (dizendo a verdade);
- para o homem, enganar o interrogador, fazendo-o crer ser ele a mulher. Para que o tom de voz de A ou de B não ajude o interrogador, as respostas ser-lhe-ão transmitidas por telétipo.



Agora, a questão "as máquinas pensam?" pode ser substituída pela questão seguinte, relativa a um particular computador digital C: "É verdade que, modificando esse computador para ter uma capacidade de memória adequada, aumentando satisfatoriamente a sua velocidade de trabalho e fornecendo-lhe um programa apropriado, podemos fazer com que C desempenhe satisfatoriamente o papel de A no jogo da imitação, sendo o papel de B desempenhado por um homem?". De acordo com a distribuição de papéis no jogo, o desempenho satisfatório do computador diz respeito à capacidade para evitar que o interrogador o identifique como tal.
Nesta segunda fase do jogo, tanto o homem como o computador imitam uma mulher. No entanto, tanto Turing no resto do artigo, como a maioria dos comentadores, ignoram o aspecto "género" da questão. Em geral, o jogo é entendido de uma forma simplificada como dizendo respeito à capacidade de uma máquina para, quanto à sua inteligência, se fazer passar por um humano quando apreciado precisamente por um humano. Acreditamos que a correcta interpretação da situação é a seguinte: não nos parece que a questão do género seja essencial ao que Turing nos propõe considerar (nada nos leva a crer que Turing adoptasse qualquer forma de sexismo na concepção desta experiência); mas não nos parece possível eliminar o facto de que tanto o homem como a máquina estão a tentar fazer-se passar por algo que não são. O homem está a tentar imitar uma mulher; a máquina está a tentar imitar um humano. A capacidade de imitar, de simular, mesmo de enganar, está no centro do exercício.
A "aposta" de Turing é então explicitada: por volta do ano 2000 haverá computadores que jogarão tão bem o jogo da imitação que um interrogador humano médio não terá mais do que 70% de hipóteses de fazer uma identificação correcta após 5 minutos de interrogatório, de tal modo que alguém que fale em máquinas pensantes não correrá o risco de ser contraditado. Nos próximos episódios veremos o rebuliço que causou esta aposta de Turing. É a história do que se passou a chamar "o teste de Turing".
Portanto, em 1950 o britânico Alan Turing apostou que em 2000 seria pacífica a ideia de que as máquinas são capazes de pensar. No caso do futebol robótico há uma aposta parecida. Os investigadores japoneses Minoru Asada e Hiroaki Kitano escreveram em 1999: "Até meados do século XXI, uma equipa de robots humanóides autónomos baterá a equipa humana campeã do mundo de futebol, segundo os regulamentos oficiais da FIFA". O RoboCup é a principal linha de investimento na tentativa de ganhar essa aposta.

(Para um desenvolvimento destas questões: SILVA, Porfírio, "Por uma robótica institucionalista: um olhar sobre as novas metáforas da inteligência artificial", in Trajectos, 5 (Outono 2004), pp. 91-102 pdf aqui)

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Próximo apontamento desta série - aqui neste blogue, amanhã.



olhai o calendário, por favor



Carreira docente: quotas para classificações de mérito afinal são transitórias.


«A ministra da Educação admite que as quotas para as classificações de mérito atribuídas a docentes, que a tutela sempre disse serem fundamentais para garantir a diferenciação entre professores, podem afinal deixar de existir a prazo.»

Não sabia que havia ministros deste governo a planear a apresentação de candidaturas próprias às próximas eleições legislativas! Mas parece que há. De outro modo, como se compreende que, em final de legislatura (e, portanto, de mandato), anunciem planos e/ou intenções para o futuro? O futuro pertence aos seguintes. Mesmo que os seguintes sejam os socialistas, o que então se fará depende do programa eleitoral (que ainda não foi apresentado) e do consequente programa de governo. E não deverá depender da inércia das actuais políticas - mesmo quando elas tenham sido boas. Ou a ideia de ciclo não diz nada a estes ministros? É que, se não se calam, como pode aquele que é ao mesmo tempo PM e SG do PS conseguir apresentar um "novo rumo" que não seja visto como mera masquerade do que já se conhece?



26.6.09

A caminho do RoboCup 2009, em Graz (1/5)



Este conjunto de cinco apontamento é uma actividade preparatória para a reportagem diária e em directo que aqui faremos do RoboCup 2009, em Graz (Áustria). A cobertura local começará a 1 de Julho e terminará a 5 de Julho, acompanhando assim todo o período de competições. A seu tempo daremos conta de outro local, mais espaçoso, onde estaremos também a reportar de Graz.


Acima e abaixo: imagens do jogo de demonstração Humanos vs. Robots, no RoboCup 2007.
(Imagens: Prof. Tucker Balch, General chair of RoboCup 2007)




O RoboCup é o Campeonato do Mundo de Futebol para Robots. Trata-se de uma iniciativa internacional que visa fomentar a investigação e a educação na área da Inteligência Artificial e da Robótica. Em cada ano realizam-se competições e um simpósio científico para analisar a evolução desta área de investigação.

Como tudo começou. Em 1991, o Dr. Hiroaki Kitano (um investigador japonês em Inteligência Artificial) assistiu a demonstrações de grupos de robots nos E.U.A. e achou-as monótonas devido à lentidão e imperfeição dos movimentos dos robots. Kitano estava também preocupado com o facto de a Inteligência Artificial continuar a dedicar-se a “problemas brinquedo”, isto é, desligados de problemas reais. O workshop designado Grand Challenge of AI, que teve lugar aquando da International Joint Conference on Artificial Intelligence de 1993 (IJCAI-93, em Chambery, França), foi um dos marcos da reflexão destinada a identificar os problemas da Inteligência Artificial no futuro. Na sequência dos seus resultados, realizou-se durante dois anos um estudo de viabilidade e, em 1995, tiveram lugar os primeiros jogos de futebol robótico e conferências internacionais no IJCAI-95, em Montreal. Em 1996 teve lugar um evento preliminar em Osaka. A primeira edição "a sério" teve lugar em 1997.

Qual é o interesse? Há vários factores que tornam o RoboCup interessante do ponto de vista da investigação. Desde logo, trata-se de robótica colectiva: não temos um robot isolado, temos equipas - o que suscita muitos problemas (de coordenação e de orientação, por exemplo). Além disso, temos equipas contra equipas, competição. Temos (em algumas das competições) robots físicos autónomos (são deixados entregues aos seus próprios recursos durante o jogo, sem auxílio humano). Dada a complexidade das tarefas (e a diversidade das competições que compõem cada RoboCup), há sempre vários problemas para resolver e que exigem o recurso a uma grande variedade de novas tecnologias. Há, ainda, o facto de ser futebol: trata-se de uma actividade com grande visibilidade e que o público leigo julga por critérios de senso comum. Desse modo, os cientistas são confrontados com a apreciação de credibilidade do seu trabalho.

Antigamente os computadores jogavam xadrez... Já todos ouvimos falar de computadores que jogam xadrez e que até ganham nessa modalidade aos humanos. Não vamos entrar aqui numa apreciação crítica dessas afirmações, mas queremos lembrar apenas um ponto. A actividade de "jogar xadrez", tal como é praticada por computadores, é algo que se passa apenas "dentro da cabeça", é puro "raciocínio" ou cálculo, é meramente "intelectual". Pelo contrário, os robots "andam no mundo" físico, encontram obstáculos reais - e encontram outros robots, com os quais devem "colaborar" ou "competir". Desse modo, os desafios suscitados pela robótica - e em particular pela robótica colectiva - são muito mais complexos e muito mais ricos. Daí o grande interesse do RoboCup para a sempre renovada ambição da Inteligência Artificial.


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Próximo apontamento desta série - aqui neste blogue, amanhã.



dado haver por aí muita falta de memória...


... é altamente recomendável ler um apontamento de Eduardo Graça, no seu Absorto, intitulado A «Nova Esquerda» que eu conheci morrreu – Uff! . Trata-se de um relato, por dentro, de um episódio da história da democracia portuguesa - o qual, ao espelho, dá a ver a ignorância chapada (ou então a arrogância) de alguns sábios renovadores da esquerda que chegaram no último minuto junto ao balcão de serviço e começaram logo a pedir bebidas que não sabem o que sejam só por vagamente lhes terem ouvido chamar o nome.
Do texto do Eduardo, atrevo-me a recortar apenas isto: «Convenhamos que o caminho da renovação da esquerda carece de um pouco mais de estudo e imaginação.» Aplaudo. Doendo-me as mãos só de pensar no que a vida é, mas aplaudo.

ópera bufa



Governo vai vetar o negócio da compra da TVI pela PT.


Grupo não está interessado nos 30 por cento deixados pela PT. Cofina quer comprar participação maioritária na Media Capital.


Neste país, o eleitoralismo da oposição consegue interferir na gestão de empresas privadas. E não se envergonham por isso.
Quando a Prisa entrou na TVI, clamaram que a Prisa ía controlar a TVI para ela se tornar uma estação rosa. Foi o que se viu. Agora, reclamam que se a Prisa vender, a TVI pode tornar-se uma estação rosa. Em que ficamos? Em nada, porque não há memória pública neste país. Lambram-se quando Oliveira Martins foi para presidente do Tribunal de Contas? Diziam que seria, lá, um muchacho dos rosas. E é o que se vê. Nesta ópera bufa continuam alguns a clamar pelo lobo, sem haver lobo nenhum, mas ninguém aprende a lição. Até porque na enchurrada não se respeita ninguém.


vendo um exemplar


Tenho um exemplar do Público de hoje para venda. Mas só o vendo mutilado. Confesso: às sextas-feiras não dispenso o ípsilon. Tem mesmo de ser. Vendo, portanto, o "caderno principal", já limpo de suplementos publicitários. Bom, nesse caso, tenho de o oferecer. A quem passe aqui pelo gabinete. Se o vendesse estaria a cometer qualquer crime contra o consumidor.
(O i , entretanto, começou furiosamente a imitar o Público num aspecto crucial: erros tipográficos por todo o lado.)

um bom exemplo (em três andamentos)


Lê-se no Mar Salgado, sob o título Bobbio dá voltas no túmulo: «O programa da esquerda italiana consiste em enfiar o nariz nas cuecas de protistutas [sic] e em recolher restos de branquinha. E em baixar a cabeça, respeitosamente, quando ouve as reprimendas do Vaticano a Berlusconi.» [Mantive o "protistutas" na citação, já que pode representar uma mensagem específica que a minha falta de cultura em geral me impede de entender - e não quero privar os leitores de gozarem as delícias de que as minhas limitações me privam.]
Este post é um bom exemplo de várias coisas. Primeiro, anda por aí muita gente preocupada com a desorientação programática da esquerda. Em que companhia me havia eu de encontrar... Segundo, anda por aí muita gente para quem o estatuto social da mulher é coisa de somenos, não valendo para muito mais do que para graçolas de taberna (perdão: de bar fino em fim de tarde pós-escritório). Terceiro, anda por aí muita gente para quem qualquer coisa dita pelo Vaticano é ridícula só por ser dita pelo Vaticano (quase tanta gente como aquela outra que ouve o Vaticano com o mesmo zelo que outros ouviam a Rádio Moscovo.)
Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem. (Não, não sou religioso...)


25.6.09

"O amor é um pássaro verde num campo azul no alto da madrugada"



"Aquilo" ali acima foi escrito por Vitor Barroca Moreira, aos nove anos, e Maria Rosa Colaço colheu e plantou, junto com outras obras de precisão de crianças de uma escola de Almada, em "A Criança e a Vida", lá pelos idos de 1970 (salvo erro). E depois foi um cartaz, editado pelo ITAU.
Se as crianças podem escrever (e, o que é mais, pensar) essas coisas, para que queremos poetas profissionais? (Para já não falar de outras classes.)


filosofia da ciência


Pouca gente liga alguma coisa à filosofia da ciência. Já porque pouca gente liga alguma coisa à filosofia. Já porque a maior parte das pessoas pensam que não há nada que pensar sobre a ciência, porque a ciência seria "para seguir o que ela diz e pronto".
Há alguns anos, quando eram outras as minhas ocupações (era na altura emprestado à diplomacia comunitária), uma conviva num jantar, que decorria algures no norte da Europa, perguntou-me qual era o meu interesse profissional fora daquelas funções. À minha resposta "filosofia da ciência", a senhora respondeu "mas isso não existe, são coisas contraditórias, campos opostos". Eu tentei explicar que não. E ela repisava que eu não devia estar bom da cabeça. Já não sabia como desembaraçar-me diplomaticamente de tanta insistência - quando fui salvo por uma das minhas colegas finlandesas, a Paivi, que calou a sua compatriota com um argumento de autoridade (ou empírico?) nestes termos: "a filosofia da ciência existe, sim senhora: o meu marido é professor disso mesmo na universidade". A mulher calou-se, mais por despeito do que por ter acatado a relevância da informação. Mas a tal senhora, na verdade, representava um padrão muito "normal".
E isso é grave, porque há imensas entorses ao bom método de avaliar o que deve ser tido em conta para uma vida boa, nomeadamente na vida de uma comunidade política, por causa de compreensões erradas do que é a ciência e de como podemos aproveitar os seus inúmeros benefícios - sem cairmos como patinhos nas inúmeras falácias dos seus sacerdotes mais exaltados.
Uma bom ponto de partida para voltar a pensar nisso (sem que eu concorde com tudo o que lá se diz) é a posta de Francisco Oneto, intitulada Economia do Conhecimento - Notas, no Ladrões de Bicicletas.



roma não paga a traidores


Socialistas europeus recuam em relação a Barroso.


«O líder do grupo socialista no Parlamento Europeu, Martin Schulz, recuou na sua recusa em apoiar a reeleição de Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia e diz que agora que se trata de uma questão em aberto, reforçando as hipóteses de o actual presidente conseguir um segundo mandato.»

Mas este senhor "recuou" em relação a quê? Deixou de apoiar depois de ter apoiado? Ou passou a apoiar depois de se ter recusado? Este senhor Martin Schulz é provavelmente o pai, ou pelo menos o padrinho, ou ao menos o mordomo, da estratégia suicida dos socialistas europeus apoiarem Barroso para presidente da Comissão, quando Barroso se deixava conduzir pela mão do principal concorrente do PSE. Será que Barroso ainda vai oferecer um lugarzinho de comissário ao senhor Schulz? Não, não pode, mas se calhar essa pequena ambição pessoal do senhor Schulz explica muito disparate que por aí tem andado.

a economia de mercado vai ser suspensa por seis meses por MFL?

o pulo do lobo



Cavaco diz que PT deve explicar interesse na TVI.


O "interesse" do Presidente da República parece estar cada vez mais partidariamente orientado. As suas palavras e as palavras de uma certa líder da oposição têm coincidido demais e em assuntos demasiado concretos para isso não significar uma cada vez mais explícita aliança entre o PR e um determinado interesse partidário. Será esta a primeira vez que a PT se interessa pela comunicação social? Ou a comunicação social só é boa quando está em "boas mãos"? E quando serve pertinazmente certas linhas de cabotagem?

(É urgente repescar aquelas declarações televisivas de Cavaco a explicar, a posteriori, como tinha "brincado" com os jornalistas dizendo que estava isolado no Pulo do Lobo e por isso não estava informado sobre determinado assunto. Essa declaração televisiva é uma ilustração magnífica da hipocrisia de certos protagonistas vestidos de candura. Como lobos vindos do Pulo do Lobo.)

a liderança dual do PSD do momento



Ferreira Leite diz que seria escandaloso se a PT entrasse na TVI e Moniz saísse.


Manuela Ferreira Leite está a usar politicamente o facto de ser vista por muitos como uma senhora ingénua: diz qualquer tolice que lhe venha à cabeça na certeza de que pensarão que mosca tão morta não tenta enganar ninguém. É como aquelas velhinhas carteiristas que se safam sempre no autocarro por ninguém acreditar que elas roubam - mesmo quando os nossos olhos vêem que elas roubam.
MFL comete os seus crimes a coberto desse tipo de impunidade. Ontem, em entrevista televisiva, acusou directamente Sócrates de mentir sobre uma questão específica: o regresso da PT ao mundo da comunicação social. Falou como se soubesse, empenhando directamente a sua palavra como penhor de verdade, no uso de um tom de certeza que certamente aprendeu com o mestre Silva. Abusou do espectador - do crédito ingénuo que o incauto espectador ainda lhe dá - para acusar outra pessoa, o PM deste país, de mentir.
É razoável supor que MFL estava a mentir. Se o que o presidente da PT veio dizer a seguir é verdade - MFL estava a mentir. Estava a fazer afirmações para as quais não tinha sustentação. Estava, mais uma vez, a abusar da nossa ingenuidade. Estava a usar como argumento político o puro delírio, a pura capacidade de inventar - no modo da calúnia. MFL, convém começar a fazer as contas, tem abusado da técnica da carteirista velhinha. E isso é perigoso.
Durão Barroso vendeu a tanga para se apoderar de um governo com o qual não sabia o que fazer. Mais ou menos conseguiu esconder esse facto rumando a Bruxelas. Pedro Santana Lopes mostrou ao país o que o ex-grande partido português PSD pode deixar que aconteça quando não acredita nos sinais e confia demais nos seus. E MFL, com o seu ar de dama desprotegida, falha a promessa de ser um Cavaco de saias. Isso ainda seria menos mau. O mau mesmo é que MFL se revela cada vez mais como um PSL de saias. É essa a liderança dual que o PSD promete ao país neste momento.


24.6.09

ainda a lemniscata

que fazer?


Previsões da OCDE: Portugal recua 4,5 por cento em 2009 e desemprego atinge os 11,2 por cento em 2010.


Há a crise internacional. E, claro está, há - e já havia antes - a nossa própria crise. A crisezinha portuguesa, com certeza. A que alguns esquecem e outras usam para apontar o dedo. Apontar o dedo, a quem? A quem sinalizou que não enriquecemos trabalhando menos ou pior. Que com a passividade só ficaremos mais pobres.
Andam todos, nas oposições, a evitar dizer que só saímos desta apagada e vil tristeza com sangue, suor e lágrimas. É por isso que, malgré os erros de Sócrates, estas oposições só me parecem prometer as mesmas novelas tristes do passado.
A direita só quer que o rigor caia sempre sobre a cabeça dos mesmos, apesar das iníquas desigualdades que marcam o nosso país com o ferro da vergonha.
A esquerda da esquerda prescindiu do discurso da emulação, do discurso da entrega, esvaziou o discurso da solidariedade - porque acredita que o dinheiro cai do céu. Essa fatal ilusão da "esquerda revolucionária", mesmo disfarçada de "esquerda chique", continua a ser a principal razão da sua aspiração à inutilidade.
"Que fazer?" - já perguntava o outro.

rock in law, again



No Diário Económico de hoje. (Clicar amplia.) A legenda reza assim: «No terraço do escritório, os "One Night Band" da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, ensaiam para o concerto de hoje à noite.» (mais)
Lá estaremos, senhor doutor.


23.6.09

não é só uma questãode economia


Hospitais privados discriminavam doentes beneficiários da ADSE.


«Depois de há um ano ter denunciado a prática de discriminação de utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) por unidades privadas convencionadas com o Estado, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) concluiu agora que havia hospitais privados que faziam exactamente o mesmo com os beneficiários da ADSE, o subsistema dos funcionários públicos.»

A questão do público e do privado não é só uma questão de economia e de eficiência. É também uma questão de direitos. Como se vê por este caso. Para que os direitos dos cidadãos não sejam espezinhados pelos corsários, estejam eles ao serviço de que coroa estejam, é preciso que os poderes públicos sejam isso mesmo: poderes. Poderes que exerçam o seu poder. A não ser que haja por aí 28 economistas da situação-que-se-arrasta que vejam nisso algum inconveniente ou careçam de mais estudos, claro...


Rock in Law



Clicar para ampliar. Ampliando verá melhor o aspecto "beneficiência" da iniciativa.

o nosso direito a não sermos permanentemente aldrabados pelo sr. Fernandes...


... não está a ser respeitado. Como se vê. É esta a imprensa do regime anunciado?

anúncio editorial


A edição deste ano do Campeonato do Mundo de Futebol para Robots - RoboCup 2009 - terá lugar em Graz, Áustria, entre 29 de Junho e 5 de Julho. Desde 2004, edição que teve lugar em Lisboa, que o encontro mundial do movimento RoboCup não se realiza na Europa. Aproveitarei a relativa proximidade geográfica (e o consequente efeito no orçamento da deslocação) para ir actualizar as minhas observações acerca da Robótica Colectiva que se pratica no RoboCup. E, do mesmo passo, darei aqui no blogue (e talvez em mais algum lado, mas isso diremos depois) reportagem diária do que por lá irá acontecendo. Incluindo o relato do desempenho das equipas portuguesas.

Entretanto, sugiro uma reflexão paralela orientada pela questão "As máquinas pensam?". E sugiro também a consequente participação na consulta sobre essa questão, que se encontra aqui na coluna da direita. Querendo, poderão os leitores participar mais activamente enviando pequenos textos acerca dessa questão, ou relacionando o futebol robótico com essa questão, os quais poderão vir a ser aqui publicados.

22.6.09

paga-se um preço por criticar os intocáveis


Ainda alguns duvidam de que há quem queira controlar os media. Há quem queira isso, há. José Pacheco Pereira, por exemplo, com chantagens publicamente anunciadas. Como se lê aqui.

ideologia, ideologia, ideologia

Prémio Lemniscata



O blog O Valor das Ideias atribuiu ao Machina Speculatrix o Prémio Lemniscata (aqui).
«O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores.»
Dada esta explicação do prémio, qualquer um fica, num primeiro momento, vaidoso pela escolha - especialmente quando a escolha provém de um blogue como O Valor das Ideias, que está longe da superficialidade que tantas vezes praticamos na blogosfera. Contudo, num segundo momento, pensamos como é preciso ser mineiro de minas profundas para descobrir pepitas de talento naquilo que fazemos. Dá vontade de voltar a ler o que fizemos antes para tentar descobrir as razões dessa escolha. E, finalmente, num terceiro momento, esquecemos essas preocupações e ficamos simplesmente satisfeitos com a distinção. E agradecemos. E, como sinal desse agradecimento, damos continuidade, segundo as regras: escolhemos outros 7 para esse prémio. Assim, eis os meus nomeados, blogues que mereciam ainda mais atenção do que aquela que têm:



Fica, entretanto, muito por fazer - depois deste aparente cumprimento das obrigações mínimas. Primeiro, descobrir onde nasceu esta corrente. Resposta: aqui, no blogue Lemniscata, no já longínquo 18 de Abril deste ano. Segundo, verificar as formalidades originalmente associadas à aceitação do prémio. E descobrimos, lá naquele posto de lançamento, um requisito que está há muito esquecido na corrente: «O premiado deverá responder à seguinte pergunta: O que significa para si ser um Homo sapiens
A minha resposta: o específico do Homo sapiens é a sua potencial existência social sofisticada, sendo que: (1) estamos a fazer muito para perder esse potencial; (2) a sofisticação da existência social do Homo sapiens passaria pela redescoberta da política a sério (quase que está longe de estar garantida).
Passo a palavra.

(Já agora: não sejam preguiçosos e façam uma procura para saber um pouco mais acerca de onde vem a tal lemniscata.)

19.6.09

ainda a Autoeuropa

14:30

António Chora, coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, que não parece que seja tido por homem próximo do capital, nem sequer dos reformistas e amarelos do PS, terá declarado que, na recusa do pré-acordo, os trabalhadores confundiram as propostas de maior flexibilidade laboral com a perda de direitos adquiridos.
Se fosse eu a dizer isso haveria trovoadas e bengaladas na caixa de comentários deste blogue. Mas não fui eu que disse. Foi Chora.
Infelizmente, neste caso não será de espantar que se verifique que "quem chora por último chora pior".

a saudação fascista da ministra de Berlusconi





Corre pela net um vídeo da ministra italiana do turismo supostamente a fazer a saudação fascista. Mas é tudo má língua! A senhora apenas está a tentar, nesta nova fase da sua carreira, passar a ser conhecida pelos seus longos braços. Para ultrapassar uma fase em que era apenas conhecida pelas suas longas pernas...




na catedral de Milão...


... perdemo-nos em tantos detalhes, em tantas referências às maravilhas do universo e dos deuses da cidade, em tamanhas glórias dos que sabem e podem construir, em tão ilustres pintores de almas e escultores de memórias, que perdemos de vista o próprio deus que supostamente era o destinatário da obra.
Nada a dizer. É sempre assim na obra humana. Alguém paga a factura simbólica. Outro alguém lambe os beiços e as iguarias.



(Novembro de 2008. Foto da casa.)

18.6.09

circula no Twitter...


... um aviso oportuno: não esquecer esta notícia:
«Manuela Ferreira Leite assegurou que os eurodeputados eleitos pelo partido vão cumprir o mandato, dizendo que isso apenas não acontecerá "se alguém adoecer ou acontecer alguma coisa"». (Na TSF, a 22 de Abril de 2009, relatado aqui)

eu já perdi a pachorra para os delírios do sr. Fernandes...

virgens ofendidas


Deputados da oposição chocados com declarações de Sócrates a propósito da comissão de inquérito ao BPN.


Está na moda, em certos sectores políticos, substituir os argumentos substantivos - foi feito isto e aquilo e isso é criticável ou louvável - por argumentos de virgens ofendidas: «ai, estas coisas não se dizem». O objectivo é tentar calar, amordaçar, certos agentes políticos. Uma das formas dessa tentativa de lei da rolha é a pretensão, aflorada por alguns, de transformar os membros do governo em eunucos políticos: podem levar porrada à vontade, mas não se podem defender por isso ser política partidária.
Agora querem também calar o PM: ele não pode dizer aquilo que todos viram, que foi na Comissão Parlamentar alguns tratarem os suspeitos de crimes no caso BPN como se fossem um qualquer cândido à la Voltaire, e tratarem o polícia (o governador do Banco de Portugal) como se o criminoso fosse ele. E também todos viram (se quiseram) como alguns deputados usaram de forma excessiva a comissão de inquérito para fins imediatos de campanha eleitoral (Nuno Melo, no dia das eleições: "amanhã lá estarei à espera de Vitor Constâncio" - aliás, o mesmo deputado que mostrou nem sempre saber bem do que falava quando usava certos conceitos). E alguns acham que o PM não pode opinar sobre isso, como se lhe tivessem cortado o órgão... da fala.
Devem ser os mesmos que acham que a "nova humildade" de Sócrates significaria que ele... ouvia e calava, como cordeirinho murcho. Não acham que assim seria fácil demais?

que mil flores floresçam

ex-citações


«E ninguém se tem lembrado de acusar o PS de não cumprir o seu programa eleitoral. Afinal, será que cumpre até demais?» Escreveu Bruno Cardoso, in O Amigo do Povo.

sabemos tão pouco...


O sítio de Mir Hussein Moussavi, o candidato presidencial que alimenta a esperança no Irão, está aqui. Basta olhar para compreender que sabemos tão pouco.

os trabalhadores não são anjos (aliás, não há anjos)


Funcionários recusaram acordo entre a Comissão de Trabalhadores e a administração: Futuro da Auroeuropa volta a estar em risco .


Trabalhadores da Autoeuropa devem preparar-se para decisões da administração.

Alguma esquerda tem medo de dizer certas coisas. Tem, por exemplo, medo de dizer que certas "defesas dos direitos [adquiridos, por exemplo]" são formas mal disfarçadas de egoísmo, egoísmo individual ou egoísmo de grupo. Tentar matar um acordo com a administração, à procura de melhores condições imediatas, sabendo que isso pode mandar umas dezenas ou centenas de contratados para o desemprego, não será uma forma de egoísmo de grupo contra grupo? Egoísmo de alguns trabalhadores a prejuízo de outros trabalhadores? E, ainda por cima, incorrendo no risco da "bomba atómica", de tudo acabar mal para todos?
“Tentámos construir um chapéu-de-chuva que nos protegesse da tempestade e esse chapéu foi deitado fora”, disse António Chora, coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa, em reacção. Ele tem toda a razão - e tem toda a autoridade para o dizer, dirigente de trabalhadores, de esquerda, que tem pensado como podem as coisas ser no concreto, em vez de se limitar a repetir frases feitas. Mas a esquerda da esquerda tem pouco disto, tem poucos Antónios-Choras. E a esquerda da esquerda, com a sua retórica herdeira das acusações de amarelismo aos que querem negociar, ajuda os que matam os acordos necessários e desajuda os que vêem a realidade de mais perto. Nisso (também) a nossa esquerda da esquerda é ainda muito do tempo do "socialismo real". O que, a ver os desafios do presente, parece surreal.

17.6.09

esta é realmente uma má notícia


Trabalhadores da Autoeuropa chumbam proposta de acordo com a administração.


Não que não seja normal os trabalhadores rejeitarem este ou aquele acordo determinado. É normal. Mas seria mais normal se fosse o caso de haver muitas empresas capazes de negociar verdadeiramente com os seus trabalhadores. E de haver mais estruturas representativas dos trabalhadores capazes de verdadeiras negociações com as empresas. Nesse caso seria um fracasso entre muitos sucessos, coisas que fazem parte da dinâmica. Mas como tudo isso que devia ser comum é tão raro entre nós, por ser inexistente ou de faz de conta as mais das vezes, custa verificar um fracasso negocial, mesmo que temporário, num dos melhores exemplos dessa prática de conversar a sério. Ainda por cima quando isso pode ter consequências sociais e económicas pesadas para tantos.

machines have less problems

governabilidade

12:03

Jorge Bateira, no excelente Ladrões de Bicicletas, escreveu ontem Sobre a governabilidade do país. À falta de tempo para mais, e apenas para honrar a questão e os interlocutores que vejo naquele blogue, reproduzo o mero comentário que lá deixei.

O post coloca questões interessantes como ponto de partida para uma discussão. Mas tem, a meu ver, dois problemas.

Primeiro, quanto à questão da governabilidade, passa em branco o facto de alguns partidos de esquerda (ou talvez mesmo todos) conviverem mal com o facto de uma solução de convergência ter de passar pela capacidade de alinhar um programa que não seja "branco do mais puro branco", mas uma mistura de várias formas de ver os problemas. Dessa pretensão de exclusivismo têm sofrido o PS, o PCP e o BE. E, desse modo, nada feito quanto a uma qualquer governabilidade à esquerda. E não me dou sequer ao trabalho de pensar na objecção dos que se julgam apoderados do critério "o que é ser de esquerda" e julgam ser assim legítimos juízes dos demais.

Segundo, não estou certo que todos os partidos de esquerda tenham tirado as devidas lições de experiências passadas. Por exemplo, a posição anti-europeísta do PCP, de que o BE se separa alguns dias por semana, mostra um obstáculo à governabilidade de um estado-membro da UE que resulta de uma incapacidade de compreender a história. E o slogan recente do BE sobre a energia (GALP e EDP: 1500 milhões de lucros: A todos o que é de todos. A energia deve ser pública) mostra que, mesmo sem "socialismo real", as visões simplistas encorpadas em silogismos esquemáticos continuam a moldar certas propostas políticas. O que obviamente é um obstáculo à governabilidade.

O debate que certos partidos da esquerda à esquerda da social-democracia tiveram de travar em outros países acerca de vantagem/necessidade de assumirem o governo junto com os socialistas/socialdemocratas, é um debate necessário. Mas que está emperrado em Portugal pelo expediente demasiado fácil de diabolizar o PS para não ter de pensar no assunto.

16.6.09

Estocolmo quase no solstício de Verão

Estocolmo, nesta altura do ano, é uma promessa de luminosidade. Estamos quase no solstício de Verão e, mais do que o pôr do Sol ser um pouco antes das onze da noite e o nascer ser por volta das três e meia da manhã, é marcante o facto de uma réstia de luz nunca desaparecer do céu. Não foi muita a nossa pontaria desta vez, nesse aspecto, porque o tempo quase permanente de chuva não deixou apreciar devidamente o fenómeno.

Interiores, visitas de interior, são sempre uma escapatória ao mau tempo. O Museu Nacional, que tem uma notável colecção de design nórdico, não é excepcional em outros domínios. Mas estava com uma interessante exploração das questões de exposição de escultura.

O Museu de Arte Moderna, esse, é muito bom. E vale sempre a pena voltar, devido à rotação do material exposto. A promessa anuncia-se logo no exterior.


Estocolmo é mar. E barcos. E cais com vida própria. E, assim sendo, com caixas postais a condizer.


A vantagem de um barco-farol é ser móvel, ao contrário dos usuais. E por isso um barco-farol vai indicar o caminho para onde for preciso. Ao contrário de outros confortos que nem sempre estão no lugar certo à hora certa.


A arte pública é muito presente na cidade. Vemos aqui a escultura Parabola, de Ulrik Samuelsson, colocada em 2002. É um celeiro de batatas colocado na zona das novas tecnologias no centro da cidade, para lembrar as nossas raízes.


A Suécia indica o caminho em muitas coisas. Também na estupidez da violência contra as figuras públicas. Alguns já não se lembram do assassinato do primeiro-ministro, em 1986, quando Olof Palme simplesmente saía do cinema com a mulher sem qualquer segurança e foi abatido na rua. No local onde agora singelamente pisamos esta placa que lembra o facto.

A cidade tem muitas vistas. Uma é do edifício da municipalidade, símbolo da cidade, onde também cabem cerimónias do prémio Nobel.

S. Jorge e o dragão, na catedral ao lado do palácio real - não sei se é mais para nos lembrar o santo ou mais para nos lembrar o dragão.

E a verdadeira Estocolmo só se compreende como ponto focal de um arquipélago com milhares de ilhas. Demo-nos tempo apenas para uma breve visita a Waxholm, a certa de uma hora de barco do centro. Onde ainda há uma zona de velhas casas de madeira para uma habitação tradicional.

E depois há tudo o resto. Que não se conta assim de uma penada.



PERSEPOLIS, a história continua




Primeiro começou por ser uma grande Banda Desenhada e depois foi um filme de animação. (que recebeu o Prémio do Júri no Festival de Cannes). PERSEPOLIS é a história de uma rapariguinha iraniana que vive a queda do Xá e o início da República Islâmica no Irão - e que vive tudo isso nas contradições de todos os que tiveram esperança em coisas nas quais é perigoso ter esperança. A rapariguinha vem depois para o Ocidente, para ser poupada às eventualidades do poder religioso - e aí encontra outros motivos de perplexidade.

Vale a pena reler/rever Persepolis, agora que no Irão a história começou a mover-se outra vez. (Talvez. Oxalá.)

Algumas páginas podem ler-se abaixo (clicar para aumentar).