Ferreira Leite diz que seria escandaloso se a PT entrasse na TVI e Moniz saísse.
Manuela Ferreira Leite está a usar politicamente o facto de ser vista por muitos como uma senhora ingénua: diz qualquer tolice que lhe venha à cabeça na certeza de que pensarão que mosca tão morta não tenta enganar ninguém. É como aquelas velhinhas carteiristas que se safam sempre no autocarro por ninguém acreditar que elas roubam - mesmo quando os nossos olhos vêem que elas roubam.
MFL comete os seus crimes a coberto desse tipo de impunidade. Ontem, em entrevista televisiva, acusou directamente Sócrates de mentir sobre uma questão específica: o regresso da PT ao mundo da comunicação social. Falou como se soubesse, empenhando directamente a sua palavra como penhor de verdade, no uso de um tom de certeza que certamente aprendeu com o mestre Silva. Abusou do espectador - do crédito ingénuo que o incauto espectador ainda lhe dá - para acusar outra pessoa, o PM deste país, de mentir.
É razoável supor que MFL estava a mentir. Se o que o presidente da PT veio dizer a seguir é verdade - MFL estava a mentir. Estava a fazer afirmações para as quais não tinha sustentação. Estava, mais uma vez, a abusar da nossa ingenuidade. Estava a usar como argumento político o puro delírio, a pura capacidade de inventar - no modo da calúnia. MFL, convém começar a fazer as contas, tem abusado da técnica da carteirista velhinha. E isso é perigoso.
Durão Barroso vendeu a tanga para se apoderar de um governo com o qual não sabia o que fazer. Mais ou menos conseguiu esconder esse facto rumando a Bruxelas. Pedro Santana Lopes mostrou ao país o que o ex-grande partido português PSD pode deixar que aconteça quando não acredita nos sinais e confia demais nos seus. E MFL, com o seu ar de dama desprotegida, falha a promessa de ser um Cavaco de saias. Isso ainda seria menos mau. O mau mesmo é que MFL se revela cada vez mais como um PSL de saias. É essa a liderança dual que o PSD promete ao país neste momento.