18.6.09

os trabalhadores não são anjos (aliás, não há anjos)


Funcionários recusaram acordo entre a Comissão de Trabalhadores e a administração: Futuro da Auroeuropa volta a estar em risco .


Trabalhadores da Autoeuropa devem preparar-se para decisões da administração.

Alguma esquerda tem medo de dizer certas coisas. Tem, por exemplo, medo de dizer que certas "defesas dos direitos [adquiridos, por exemplo]" são formas mal disfarçadas de egoísmo, egoísmo individual ou egoísmo de grupo. Tentar matar um acordo com a administração, à procura de melhores condições imediatas, sabendo que isso pode mandar umas dezenas ou centenas de contratados para o desemprego, não será uma forma de egoísmo de grupo contra grupo? Egoísmo de alguns trabalhadores a prejuízo de outros trabalhadores? E, ainda por cima, incorrendo no risco da "bomba atómica", de tudo acabar mal para todos?
“Tentámos construir um chapéu-de-chuva que nos protegesse da tempestade e esse chapéu foi deitado fora”, disse António Chora, coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa, em reacção. Ele tem toda a razão - e tem toda a autoridade para o dizer, dirigente de trabalhadores, de esquerda, que tem pensado como podem as coisas ser no concreto, em vez de se limitar a repetir frases feitas. Mas a esquerda da esquerda tem pouco disto, tem poucos Antónios-Choras. E a esquerda da esquerda, com a sua retórica herdeira das acusações de amarelismo aos que querem negociar, ajuda os que matam os acordos necessários e desajuda os que vêem a realidade de mais perto. Nisso (também) a nossa esquerda da esquerda é ainda muito do tempo do "socialismo real". O que, a ver os desafios do presente, parece surreal.