I.
Parece que aconteceram hoje coisas politicamente graves.
Por exemplo, uma jornalista da RTP tentou, em directo, lançar as culpas do desfalecimento de CS sobre os manifestantes.
Por exemplo, parece que houve seguranças da PR que mandaram (ou tentaram mandar) fotógrafos apagar as imagens que tinham feito do desfalecimento.
Entretanto, há quem ache que pensar politicamente no assunto é achincalhar o homem que desfaleceu em público, inclusivamente usando imagens dele para o parodiar.
A desculpa da "crítica política" não vale tudo. E não nos deve impedir de pensar.
II.
Parece que ainda há quem ache que relevante foi Salazar ter caído da cadeira.
Não foi.
Relevante foi isso não ter dado ocasião a uma verdadeira transição.
Olhar para a história como uma sucessão de anedotas é o grau mínimo da política.
III.
Respondendo a uma pergunta: sim, eu acho que o humor tem limites. Não defendo que tenha limites legais, mas acho que tem limites. E não somos obrigados a engolir tudo o que se apresente sob a capa do humor. Especificamente, sinto-me tão livre para criticar uma peça de humor como para criticar um político ou um sociólogo ou qualquer outra pessoa que partilha a sua visão do mundo. Ou ainda não perceberam que o humor vive dentro de visões do mundo?