27.5.14

e agora, PS ?


A escassa vitória do PS nas Europeias não pode deixar esperançoso nenhum cidadão que queira uma alternativa de governo para Portugal, que queira ter direito a uma política diferente - e uma política realizável, não apenas o sonho do céu na Terra. Espera-se que, dentro do PS, haja inteligência e energia suficientes para compreender isto e para criar as condições que, eventualmente, permitam mudar tudo o que seja preciso mudar.
Entretanto, isso não se fará com um sonho de "regresso ao passado", nem se fará reduzindo a equação ao papel que António Costa possa vir a ter. (A "novela" António Costa ameaça desgastar o próprio António Costa, um dos políticos mais capazes que temos no activo.) Nem se fará esquecendo que Seguro tem, a seu crédito, ter querido ser secretário-geral quando outros pensaram que era demasiado cedo para se cansarem na liderança do PS. É que, se é certo que há uma questão de protagonistas, também há uma questão de políticas: um PS morno e titubeante às segundas, quartas e sextas e radical às terças, quintas e sábados, não transmite confiança nem a moderados nem a radicais. É perigosa a confusão entre arrojo e radicalismo: precisamos, ao mesmo tempo, de mais capacidade para questionar os alicerces desta sociedade, por um lado, e, por outro lado, mais capacidade para gerar aproximações e convergências entre forças que têm estado de costas voltadas e marginalizadas do cerne da decisão política.
Um grande partido como o PS tem, certamente, mais recursos políticos do que o mero rolar de cabeças. Na verdade, se o PS não souber dar a volta a uma difícil situação interna, quem acreditará que poderá dar a volta à difícil situação do país?