Rui Tavares, hoje no Público, lembra o discurso de Hitler a 11 de Dezembro de 1941, perante os deputados no Reichstag, no qual declarou guerra aos Estados Unidos.
Um dos aspectos desse discurso lembrados por Rui Tavares é a comparação que Hitler faz de si próprio com o presidente Franklin Delano Roosevelt. Hitler lembra que ambos chegaram ao poder no mesmo dia - mas as semelhanças acabam aí. Hitler diz que Roosevelt sempre fora um menino bonito da elite, rico, estudante nas melhores universidades, com bons empregos; Hitler diz de si próprio que fora um zé-ninguém, soldado raso, morto de fome. Quanto às políticas, Hitler gaba-se de ter resolvido os problemas do desemprego e da desordem das contas públicas, enquanto acusa Roosevelt de, com o New Deal, ter perturbado ainda mais a economia, aumentado a dívida do seu país, desvalorizado o dólar.
Dado esse diagnóstico, Hitler pronuncia a acusação, falando da política de Roosevelt: "o New Deal deste homem foi o maior erro jamais cometido por alguém... num país europeu a carreira deste homem teria terminado num tribunal por desperdiçar o tesouro público, e dificilmente evitaria uma pena por gestão criminosa e incompetente".
Voilá. A ideia da criminalização dos políticas com que discordamos, de tratar como criminosos os políticos a que nos opomos apesar de eles não terem praticado nenhum acto previsto nas leis como crime, essa ideia de criminalização da política, tão em voga hoje em dia, é uma ideia com grandes patronos.