20.1.10

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– Bem, um jogo da natureza! – disse Hans Castorp. – Mas não é apenas isso, não é apenas uma ilusão. Porque desde que esses homens são actores, devem ter talento, e o talento é superior à estupidez e à inteligência, constitui, ele mesmo, um valor vital. Também Mynheer Peeperkorn tem talento, por mais que o senhor proteste e, graças ao seu talento, mete-nos a todos num chinelo. Coloque o Sr. Naphta num canto da sala e deixe-o fazer uma conferência do mais alto interesse sobre Gregório Magno e a Cidade de Deus. No outro canto, encontra-se Peeperkorn com sua boca estranha, erguendo as rugas da testa e que diz apenas: “Absolutamente! Permita-me... Basta!” O senhor vai ver que as pessoas se reunirão em torno de Peeperkorn, todas, sem excepção, e que Naphta ficará sozinho com a sua inteligência e a sua Cidade de Deus, ainda que se exprima com tanta clareza que nos penetre até a medula.


Thomas Mann, A Montanha Mágica