A quinta conferência do Ciclo "Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais" terá lugar na próxima segunda-feira, 16 de Junho, pelas 17:30. Intitulada "Para uma ecologia dos ambientes institucionais", será proferida por Viriato Soromenho Marques, Professor Catedrático de Filosofia na Universidade de Lisboa.
A conferência terá lugar no Anfiteatro do Complexo Interdisciplinar, Instituto Superior Técnico (campus da Alameda). Mais informação sobre localização aqui.
Está actualmente em desenvolvimento no ISR/IST uma abordagem aos sistemas de múltiplos robots que procura ultrapassar três grandes esquecimentos da Inteligência Artificial clássica: o esquecimento do corpo, o esquecimento dos outros, o esquecimento do mundo. Essa abordagem assenta na ideia de que um “ambiente institucional” pode representar parte significativa da “inteligência acumulada” de uma comunidade: aquilo que a comunidade foi construindo como conjunto de soluções para lidar com os seus condicionalismos e objectivos. Isso inclui instituições formais, organizações, normas, convenções, “visões do mundo” ou “ideologias”, por exemplo. Falamos de “ambiente institucional” para referir o conjunto de formas de coordenação (instituições) de que uma dada sociedade se dotou para que a actividade dos indivíduos seja, além de compatível com a sobrevivência da comunidade, convergente para a prossecução de objectivos comuns.
Uma questão central nesta visão é o tempo. A acumulação de experiência colectiva no “ambiente institucional” faz-se lentamente, geração após geração. Nem tudo o que acumula resultou de deliberação explícita: há normas, ou convenções, ou até organizações, que “emergem” de forma não planeada. Não é possível mudar tudo de um momento para o outro, até porque se pode destruir em pouco tempo o que levou muito tempo a burilar – e talvez nem sempre seja possível recuperar posteriormente certos erros de “rearranjo institucional” apressado. Muitas vezes é difícil antecipar todas as consequências de modificar o ambiente institucional, os riscos de desequilíbrio. Mas isso não deve querer dizer que nada pode ser mudado…
Na economia do Ciclo, esta conferência foi concebida para aprofundar esta problemática a partir de um possível paralelo entre “ambiente natural” e “ambiente institucional”: se o ambiente natural precisa de ser compreendido para ser respeitado, e para não sermos tentados a fazer com ele tudo aquilo que as possibilidades técnicas permitem, não haverá essa necessidade também perante o “ambiente institucional”? Se o ambiente institucional é, até certo ponto, o resultado de uma sedimentação da experiência passada das nossas comunidades, não temos também de ter cuidado com os efeitos perniciosos que poderão ter acções que desgastem esse património? O que podemos aprender, a esse propósito, do que sabemos acerca de civilizações desaparecidas?