Não quero deixar para depois dos resultados eleitorais em Lisboa, para não ser lido a essa luz. Deixo hoje aqui esta “declaração sobre os independentes”.
(1) Sou a favor da participação nas instituições políticas de cidadãos não inscritos em partidos políticos, nos termos gerais em que ela é possível actualmente. Isso inclui, para certos órgãos, listas independentes ou participação de independentes em listas partidárias.
(2) Sou contra o abuso das faculdades concedidas aos independentes por parte de militantes partidários descontentes com a patente que conseguem alcançar num dado momento (“como não me deixam ser o primeiro, demito-me e amanhã serei independente”), sempre facilitadas por uma comunicação social ávida de dizer mal da “classe política” (para quem os políticos de partido são maus e os que deixaram um partido, ou que de preferência tenham até deixado dois partidos, são bons – ou até nem são políticos).
(3) Entendo que as faculdades cívicas abertas ao concurso dos independentes nos actuais moldes deveriam ser sujeitas a um “período de nojo”: só se deveria poder ser “candidato independente” passado um ano sobre a desvinculação de um partido ou sobre o término de uma colaboração institucional formal com um partido (por exemplo, após o exercício de um mandato em representação de um partido).
Julgo que isso ajudaria a destrinçar os oportunistas (os que mudam de demónios para anjos da noite para o dia) dos que realmente querem continuar a servir a comunidade noutro estatuto, afastando as conversões de última hora, os arrependimentos milagrosos e as visões celestiais dos que, num estalar de dedos, nascem de novo sem mácula – para a gloriosa carreira de independente.
(A imagem é de De Chirico, Nostalgia do Infinito, 1913)
(1) Sou a favor da participação nas instituições políticas de cidadãos não inscritos em partidos políticos, nos termos gerais em que ela é possível actualmente. Isso inclui, para certos órgãos, listas independentes ou participação de independentes em listas partidárias.
(2) Sou contra o abuso das faculdades concedidas aos independentes por parte de militantes partidários descontentes com a patente que conseguem alcançar num dado momento (“como não me deixam ser o primeiro, demito-me e amanhã serei independente”), sempre facilitadas por uma comunicação social ávida de dizer mal da “classe política” (para quem os políticos de partido são maus e os que deixaram um partido, ou que de preferência tenham até deixado dois partidos, são bons – ou até nem são políticos).
(3) Entendo que as faculdades cívicas abertas ao concurso dos independentes nos actuais moldes deveriam ser sujeitas a um “período de nojo”: só se deveria poder ser “candidato independente” passado um ano sobre a desvinculação de um partido ou sobre o término de uma colaboração institucional formal com um partido (por exemplo, após o exercício de um mandato em representação de um partido).
Julgo que isso ajudaria a destrinçar os oportunistas (os que mudam de demónios para anjos da noite para o dia) dos que realmente querem continuar a servir a comunidade noutro estatuto, afastando as conversões de última hora, os arrependimentos milagrosos e as visões celestiais dos que, num estalar de dedos, nascem de novo sem mácula – para a gloriosa carreira de independente.
(A imagem é de De Chirico, Nostalgia do Infinito, 1913)