24.7.07

Mão artificial


O francês Ambroise Paré (1517-1590), que chegou a ser Primeiro Cirurgião do Rei, começou como cirurgião de batalha, tentando remendar os que eram estropiados no ofício da guerra. Uma das tarefas que executava com frequência era a amputação de membros, em que se tornou exímio (para bem dos desgraçados, porque mais vale ser bem amputado do que mal amputado, é claro). Com espírito científico, observava a evolução dos seus pacientes, tendo sido o primeiro a dar (em 1551) uma descrição medicamente apropriada da síndroma do membro fantasma: os pacientes continuam a sentir dor no membro amputado (na parte amputada, que já lá não está) muito tempo após a amputação.

A evolução do seu interesse levou-o a propor a construção de membros artificiais. A ilustração seguinte é retirada das suas Obras, publicadas em Paris em 1585. Encontra-se na página 916 e contém uma antecipação do que, séculos mais tarde, seriam os princípios de construção de uma mão artificial.



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Um dos exemplares mais recentes de mãos artificiais muito desenvolvidas é a que se ilusta de seguida.




Com esta mão como prótese é suposto que um amputado seja capaz de fazer o seu próprio nó de gravata. Se pensam que é pouca coisa, experimentem, mesmo com as vossas mãozinhas originais... Essa capacidade deve-se a algumas características que ficam ilustradas na figura seguinte.





Trata-se de uma realização da Touch Bionics, que vende estas mãos pela módica quantia de 18.000 dólares americanos... cada.


Um exercício que vos propomos é comparar a descrição que Paré dá do seu projecto de mão artificial e o enunciado de características constante da descrição acima da prótese construída pela Touch Bionics.


(As pistas todas para esta posta vieram do blogue Neurophilosophy.)