Um desporto nacional actualmente na moda consiste em inventar (literalmente) os mais estrambólicos casos supostamente ilustrativos da sanha autoritária e liberticida do governo. A coisa é feita de modo a que nenhum cidadão em perfeito juízo, ou que pelo menos tenha uma ocupação que não seja detective, possa realmente "investigar" todas as acusações mirabolantes que qualquer um se digne confeitar.
Bom exemplo é este post de Sofia Bochmann no blogue Puro Arábica. Aí se pretende sugerir (embora ocultando-se essa pretensão por uma interrogativa), a propósito de um concurso para professor titular, que «um professor que realize e/ou participe em alguma acção, no âmbito do Direito à Liberdade de Pensamento e de Expressão, poderá ser alvo de uma exclusão de um concurso público da Função Pública».
O Apdeites V2 rapidamente mostrou a inanidade (ou mesmo a insanidade) da pretensão. Mas para isso teve de investir na investigação. Que nem sempre podemos fazer. A autora do disparate inicial, contudo, não parece ter ficado muito impressionada com a demonstração da burrada. Depois de saber que tinha escrito ficção política de má qualidade, em vez de esclarecer honestamente os seus leitores acerca do seu disparate, continua a chutar a bola para a frente como se não fosse nada de mais.
A irresponsabilidade cívica grassa, como se vê. O circo avança, agora, na pretensa defesa de uma liberdade pretensamente ameaçada. Se a estratégia é a da anarquia, podiam pelo menos aprender com os velhos anarquistas, que esses pelo menos tinham ideias na cabeça e coragem para serem consequentes. Não eram como estes "revolucionários" de pacotilha, conservadores escondidos na fraseologia "libertária".
Desculpem o azedume, mas não há pachorra...