O Diário de Notícias (p. 11 da edição de hoje) escreve que Telmo Baltazar (português) é desde o princípio do mês chefe de gabinete da comissária europeia Viviane Reding (luxemburguesa). Quase tudo o que, no tocante aos factos, consta dessa notícia - é verdadeiro. Contudo, há uma "interpretação" que dá que pensar: "A decisão [de nomear TM após a saída do anterior chefe de gabinete para director de campanha de Juncker, pelo Partido Popular Europeu] tem sido lida como um sinal da crescente relevância dos portugueses (...) no Grão-Ducado (...)." Ora, na realidade, essa interpretação pareceria bastante mais ridícula se estivessem mencionados todos os factos relevantes. Telmo Baltazar foi nomeado chefe de gabinete porque, sendo o número 2 dessa equipa, o número 1 saiu para as funções eleitoras referidas. Fica a ocupar o lugar até este período eleitoral dizer o que vem a seguir. Apenas isso. Tanto que este "herói português" foi nomeado interinamente. É isso, apenas: excepto na cabeça do escritor de jornais que viu mais longe e mais alto.
Mas, que interessa isto? Apenas o facto de ser um indicador da "política de comunicação" dos "homens do presidente" (ou "mulheres do presidente") nestes tempos de Barroso em Bruxelas. Realmente, as pessoas que, nos gabinetes do presidente Barroso ou nas suas ramificações orgânicas ou partidárias, se ocupam de "tomar conta da imprensa", trabalham imenso. E com eficácia. Essa história será um dia contada, apesar de muitos jornalistas suportarem os fretes e não os denunciarem para não perderem os favores de quem manda - e para não perderem as "deixas" que a comunicação social tantas vezes usa como fonte promissora para o seu trabalho. (Sim, os factos como matéria-prima, isso já lá vai.) É isso que explica que, para vender de um "jovem turco" a imagem de um "herói português", à custa do Luxemburgo!, se esconda um pormenor e, entrando por aí, se componha uma magnífica interpretação - com o único defeito de ser uma interpretação fantasiosa.
Miudezas.