Se Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, fosse tão cauteloso a falar da economia portuguesa como a fazer nevoeiro sobre o seu passado político, estaríamos melhor.
O Excelentíssimo Governador do Banco de Portugal diz, apesar de isso ser tecnicamente errado, que Portugal já está em recessão económica. Pode até ser que o futuro venha a ir por aí, ninguém se atreva a pôr as mãos no fogo pelo contrário. Mas isso é, por agora, uma falsidade: A definição técnica de recessão mais consensual entre os economistas é a de um crescimento negativo do produto em dois trimestres consecutivos. Não estamos nessa situação, o Excelentíssimo Governador devia saber isso e devia escusar-se a falar com o rigor das "bocas" de caixas de comentários de jornais e blogues. Quem complique a vida ao país, designadamente nos mercados financeiros sempre prontos a ganhar dinheiro à nossa custa e das más notícias, já há que baste.
Até porque o Dr. Carlos Costa é, para assuntos de que cuida mais, uma promessa de prudência. No sítio oficial do Banco de Portugal, onde cabe a apresentação do Governador, o currículo oficial reza que foi "Chefe de Gabinete do Comissário Europeu (1993-1999)". "Do Comissário Europeu", só com data e sem o nome do dito cujo? Será que Carlos Costa, que foi apresentado ao público como uma inteligência independente e sem mãos sujas em movimentações partidárias, tem vergonha de dizer de qual Comissário Europeu foi impedido? Sabemos, por que nos têm contado, que o Dr. Carlos Costa cultiva essa reserva, e que só empurrado e em voz baixa confessa que não foi de António Vitorino que foi chefe de gabinete. É como aquele tipo que diz que namora a Laura, sempre à espera que pensem que ele fala de Laura Pausini, quando ele afinal namora mesmo é a Laura Silva de Escafandros-de-Baixo. Terá o senhor Governador mais vergonha da sua ligação a João de Deus Pinheiro, esse ex-ministro de Cavaco que foi membro da Comissão Europeia, do que vergonha de prejudicar o país com a sua forma lassa de falar de coisas sérias?