Hoje (ontem, 6), em Madrid, uma manifestação de investigadores contra a precariedade. Organizada pela "Plataforma por la Investigación".
Eu não fui à manifestação: cruzei-me com ela perto da Porta do Sol. De tantas manifestações, esses eventos começam a ser um cartaz turístico quase tão popular como a estátua do urso.
O ponto: os bolseiros não são estudantes, são trabalhadores, têm direito a uma carreira. Muitos bolseiros sustentam instituições às quais não têm de facto qualquer ligação sólida.
O argumento: investigação e desenvolvimento vão de par e essa ligação deve ser o cerne de uma estratégia política. Os manifestantes querem um Pacto de Estado para a Ciência e a Investigação. E entendem que a política para a ciência é pouco científica. (Mas teria de ser? Uma "política científica" soa-me estranho.)
Sem dúvida que este debate também existe em Portugal. Dizia-me um Professor universitário, com quem fui almoçar a seguir, que se calhar, para o país que temos, os "precários" não estão a medir bem o passo das suas exigências. É claro que é estranho que as bolsas estejam a desvalorizar há tantos anos, pelo menos há uns oito anos sem actualização.
E, como sempre, há quem leve a retórica longe demais: "democracia precária", por causa da "precariedade" dos investigadores? Não sei, não sei. Nenhuma "classe" deve confundir os seus interesses, por muito legítimos que sejam, com "o espírito da nação". Um certo folclore, também: coisa que conhecemos de outros lados.