Que coisa é essa da "mente" (ou mesmo o "espírito", como alguns preferem dizer)?
Andy Clark é um filósofo que há muitos anos vem explorando uma nova visão da mente, segundo a qual estamos errados em considerar que a mente está fechada dentro do nosso corpo (ou dentro da cabeça, no cérebro). É que, acha ele, considerar que a pele e o crânio sejam fronteiras particularmente decisivas para delimitar onde está e onde não está a mente - não é muito proveitoso. O que Clark propõe é uma visão diferente da relação entre a mente e o mundo, com a ideia de que a mente, numa certa (cada vez maior) medida, está no mundo. Complicado? É uma ideia em que vale a pena pensar. Considere o leitor, por exemplo, a relação entre o seu telemóvel ou o seu computador e os seus processos de pensamento: como é que tudo isso se conjuga?
Por razões de trabalho, tive de pegar agora no último Andy Clark, Supersizing the Mind - Embodiment, Action, and Cognitive Extension (2008). Deixo o princípio da introdução, que espero seja estimulante para alguns continuarem a pensar sobre estas coisas.
Boas leituras.
Andy Clark é um filósofo que há muitos anos vem explorando uma nova visão da mente, segundo a qual estamos errados em considerar que a mente está fechada dentro do nosso corpo (ou dentro da cabeça, no cérebro). É que, acha ele, considerar que a pele e o crânio sejam fronteiras particularmente decisivas para delimitar onde está e onde não está a mente - não é muito proveitoso. O que Clark propõe é uma visão diferente da relação entre a mente e o mundo, com a ideia de que a mente, numa certa (cada vez maior) medida, está no mundo. Complicado? É uma ideia em que vale a pena pensar. Considere o leitor, por exemplo, a relação entre o seu telemóvel ou o seu computador e os seus processos de pensamento: como é que tudo isso se conjuga?
Por razões de trabalho, tive de pegar agora no último Andy Clark, Supersizing the Mind - Embodiment, Action, and Cognitive Extension (2008). Deixo o princípio da introdução, que espero seja estimulante para alguns continuarem a pensar sobre estas coisas.
Consider this famous exchange between the Nobel Prize–winning physicist Richard Feynman and the historian Charles Weiner. Weiner, encountering with a historian’s glee a batch of Feynman’s original notes and sketches, remarked that the materials represented “a record of [Feynman’s] day-to-day work.” But instead of simply acknowledging this historic value, Feynman reacted with unexpected sharpness:
“I actually did the work on the paper,” he said.Feynman’s suggestion is, at the very least, that the loop into the external medium was integral to his intellectual activity (the “working”) itself. But I would like to go further and suggest that Feynman was actually thinking on the paper. The loop through pen and paper is part of the physical machinery responsible for the shape of the flow of thoughts and ideas that we take, nonetheless, to be distinctively those of Richard Feynman. It reliably and robustly provides a functionality which, were it provided by goings-on in the head alone, we would have no hesitation in designating as part of the cognitive circuitry.
“Well,” Weiner said, “the work was done in your head, but the record of it is still here.”
“No, it’s not a record, not really. It’s working. You have to work on paper and this is the paper. Okay?”
Boas leituras.