17.4.09

decoro


Vasco Pulido Valente, na sua coluna de hoje no Público, zurze na escolha do cabeça de lista do PSD para as eleições para o Parlamento Europeu. A sua prosa contém elementos interessantes. Por exemplo, quando identifica a falta de genuíno interesse da "elite" pela política como marca do conservadorismo dessa mesma "elite" à portuguesa. Quanto ao resto, é um poço de lamúrias pela pobreza das figuras que o PSD actualmente apresenta, e uma queixa pública contra os que, existindo e podendo fazer melhor por esse partido, se encolhem. Escreve, a fechar: "o que havia de melhor preferiu o seu cantinho e o seu emprego, para gozar descansadamente a vida, longe dos torpes sarilhos da política".
Ocorre-me, apenas, perguntar duas coisas.
Primeiro: não será que VPV, com a sua contribuição para um estilo de intervenção pública ao jeito de inquisidor-mor, faz parte dos "sarilhos da política" que desencorajam alguns a sujeitar-se a esse exercício, por não se acharem dispostos a aturar todos os palpites dos treinadores de bancada?
Segundo: VPV, ex-secretário de estado e ex-deputado, com obra tão relevante que todos nos lembramos bem do que por lá fez, a merecer estátua e a caucionar a sua constante demolição do desempenho dos políticos actuais, por qual razão VPV não dá um passo em frente, mostrando pela prática como entende distinguir-se dos que "preferem o seu cantinho e o seu emprego"?
Haja decoro.