6.4.09

che guevara



"The Corpse of Che Guevara"
Freddy Alborta, 1967


Vi, nos últimos dias, as duas partes do filme de Steven Soderbergh sobre Ernesto Che Guevara. Pode dizer-se que aquilo que mostra não é excessivamente manipulado nem ideologicamente tratado a um ponto que não se tolere. Mas, e um grande mas, vai para o "intervalo" entre as duas partes. A primeira parte acaba com o triunfo da revolução em Cuba. A segunda parte começa com o abandono do governo e de todos os cargos no Estado cubano, por parte de Guevara, para se dedicar à guerrilha. Nesta biografia de Che foi atirado para o campo do não visto todo o período do governo. Como se isso fosse tolerável. O problema é que é no governo que partem os dentes a maior parte dos bem intencionados. (Dos mal intencionados, claro, nem interessa falar.) É que fuzilar quando se anda na serra, a dar e a receber tiros, é uma coisa, quer gostemos ou não gostemos dessa coisa. Fuzilar quando se é ministro todo-poderoso, é outra coisa. Também por isso governar é o inferno das boas intenções. Mais pelo que o governar mostra do que não se sabe fazer, mostra das ingenuidades. Ora, fazer a economia disso numa biografia destas, é bem o espelho do fracasso fundamental que a esquerda "revolucionária" trouxe do século XX para o século XXI. E talvez nem só a revolucionária.

http://www.cheelargentino.com/

http://www.che-movie.co.uk/