Morreu o realizador de “Garganta Funda”.
O filme é uma verdadeira porcaria, posso opinar. Mas não é por isso que o homem importa ou deixa de importar. O que conta é que ele é um dos exemplos mais notáveis de um ponto essencial: o valor político da acção de uma pessoa não tem nada a ver com o putativo valor moral dessa mesma pessoa. Gerard Damiano fazia filmes e revistas discutíveis, mas tinha razão quanto a questões de liberdade - quando a liberdade tem a ver com a possibilidade de se fazer aquilo de que eventualmente discordamos. Mesmo que isso não fosse de facto o que lhe interessava.
(Aos meus leitores que desconhecem o homem e a sua obra, por serem gente limpinha, peço que não se escandalizem demasiado com esta dedicatória. A fome é muito mais pornográfica do que a estética do "Garganta Funda".)