Chama-se “greve de zelo” a uma prática de contestação laboral usada em certa altura em alguns países.
Numa greve de zelo os grevistas não se recusam a trabalhar: limitam-se a aplicar de forma estrita todas as regras formalizadas (escritas nos regulamentos) que enquadram a sua actividade. O resultado de uma greve de zelo não é que as coisas funcionam melhor: é a inoperância – porque faltam aquelas práticas que, fugindo à letra dos regulamentos, fazem funcionar as coisas. Por exemplo, quando um funcionário subalterno toma uma iniciativa sem autorização superior, porque essa iniciativa é necessária ao andamento dos trabalhos e o funcionário “sabe” que a autorização seria dada se o chefe estivesse presente. E faz isso apesar de, em rigor, arriscar uma sanção por avançar sem uma certa assinatura no papel apropriado. Uma greve de zelo é a aplicação sistemática e generalizada, numa empresa ou sector, de todas as regras, tomadas à letra.
Resta-me uma pergunta: é possível fazer greve de zelo mesmo sem trabalhar?
Ou talvez ainda outra pergunta: um país que respeita o “politicamente correcto” não está numa espécie de greve de zelo geral?
(Peço desculpa, mas não sei a quem: não consigo identificar onde fui buscar a imagem.)