31.1.08

Acerca dos disparates dos doutrinários

Desidério Murcho escreveu no Público (Lei, ortografia e liberdade) sobre o acordo ortográfico num estilo doutrinário, aquele estilo que permite falar de coisas que se conhecem pela rama com base fundamentalmente em "grandes princípios" de doutrina. Um estilo que alguns consideram filosófico, embora alguns filósofos achem que só os "filósofos continentais" é que usam dessa receita.
João Pinto e Castro contra-disse no Cinco Dias, com 2008, Ano Internacional da Batata. Daí cito apenas: Este é precisamente o tipo de abordagem doutrinária que dá má fama ao liberalismo, uma ideia de grande valor que, pela minha parte, não estou disposto a abandonar a quem dela faz tão mau uso.
Vale a pena ler e seguir alguns aspectos da polémica. Nem sequer entro na parte substantiva da questão. É que me movo mais pela necessidade, que se torna cada vez mais importante, de tomar cautelas com os ideólogos, uma espécie que regressa em grande estilo e que agrupa os que se estão muitas vezes nas tintas para verificar a base objectiva dos seus argumentos, ou para ponderar as contingências, contentando-se em estarem a contribuir para a sua "guerra justa". E esses ideólogos não atacam só do lado norte, nem só do lado sul. Vêm também do leste e do oeste - e até de orientações cardeais mais conspícuas. E são um perigo.
Um perigo para a parte concreta da liberdade que não se compadece com os que atulham a boca com a palavra mas a julgam pau para toda a colher.