11.3.10

se queres ser amigo deles, parte-lhes os dentes


Sou dos que defendem uma outra forma de viver entre os partidos de esquerda em Portugal (falo do PS, do PCP e do BE). Defendo isso porque acho que a excessiva proximidade programática (a longo prazo) entre o PS e o PSD tem o enorme defeito de não proporcionar um grau suficiente de oferta de alternativas políticas aos cidadãos. E por achar que outra dinâmica, mais positiva, entre o PS e a "esquerda da esquerda", seria favorável à melhoria do conteúdo das políticas do PS - e seria também favorável a um melhor contacto com a realidade das propostas dos comunistas e dos bloquistas. O que é relevante dada a "vocação de poder" do PS e dada a força social daqueles partidos. Defendo isto mesmo sabendo que esta tese é muuuuuito impopular entre os militantes do PS e grande parte do respectivo eleitorado. E mesmo sabendo que a "esquerda da esquerda" tem mostrado grande dificuldade em conciliar um discurso eleitoral(ista) com a própria perspectiva de ser governo num país da UE.
Há inúmeros obstáculos a que se caminhe para aí. Alguns serão da culpa do PS, outros do PCP, outros do BE. De qualquer modo, um dos grandes obstáculos a qualquer esperança para esse cenário é o radicalismo deste tipo: Pedro Viana, no Vias de Facto, parece achar que a única forma de evitar a privatização dos CTT é ir para as barricadas. E ainda tem o desplante de convidar os militantes do PS para uma espécie de revolução de outubro dos pequeninos em que os oradores sejam os deputados do PCP e do BE. Acho que alguns apressados confundem a frente comum com o "até os comemos"...