28.11.11

civismos.


Sou um pouco distraído, em certas circunstâncias. Quando caminho pela rua, e faço-o muito, aproveito para ir pensando nas mais diversas coisas - o que às vezes de impede de ver bem, com os olhos, o que me passa à frente. Assim, tinha notado, há bastante tempo, que de quando em vez passava por carros parados que se encontravam com um dos limpa-pára-brisas ao alto, levantado, em pé, a despropósito. Porque seria?
A coisa acabou por ser focada pela minha atenção, pensei e percebi: alguém se encarrega de fazer isso quando passa por automóveis estacionados em cima dos passeios, ou de alguma forma invadindo o espaço dos peões. É uma forma simples, que não prejudica ninguém, de fazer notar ao abusador que está a usar a preponderância da sua máquina para atacar a segurança e o conforto de circulação do mais fraco na rua, que é o peão, às vezes com dificuldades de locomoção.
Tendo percebido, acho uma boa ideia: seria talvez capaz de mudar alguma coisa, essa campanha pacífica de civilidade. Que tal darmo-nos todos ao trabalho de, sempre que topamos com um automóvel estacionado em plena falta de respeito pelo convívio com os peões, deixarmos esse protesto singelo e sereno, levantar o limpa-pára-brisas da maquineta em infracção, para lembrar ao distraído, quando voltar, que "isto" não é a selva?
Aos que julgam que nada vale a pena, lembro que Lisboa é hoje das cidades onde mais se respeitam os peões nas passadeiras, fruto de uma aprendizagem induzida, a fazer esquecer a completa bandalheira que regia essa situação há uns tantos anos atrás.
Isto não é um apelo, nem uma campanha. Mas, e se fosse? Seria, certamente, civismo activo, não violento, suave.