25.11.10

temas "desinteressantes"


António Marujo, no Público:
«Pode o Papa dizer que "libertar" a humanidade da fome é uma das tarefas "mais urgentes" no mundo (fê-lo há um mês, em mensagem à FAO); pode ele gritar pela reforma necessária do sistema financeiro (na última encíclica, Caritas in Veritate, e em várias outras ocasiões, a última das quais há dez dias). Pode ainda dizer, como fez João Paulo II, a propósito da invasão do Iraque, que a guerra "é uma derrota da humanidade". Pode até pedir o fim do arsenal de armamento nuclear e do comércio de armas ou uma urgente reforma agrária - já o fizeram João XXIII; Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI. Nenhum destes temas provocará a mesma excitação que o preservativo (ou a enésima condenação do aborto), num império mediático fundamentalmente acrítico em relação aos verdadeiros e obscuros poderes: esses que radicam no sistema financeiro e nos grandes grupos económicos, que os governos deixaram de querer controlar.»
Sim, há temas que parecem escondidos. Vá lá saber-se por quê.