3.6.08

a esquerda alegre


O porta-voz do PS talvez não seja propriamente pessoa com que seja fácil simpatizar em termos pessoais. Contudo, quando Manuel Alegre reage às declarações do porta-voz do PS acerca de certas acções políticas do mesmo Alegre com a declaração «Antes do Dr. Vitalino Canas saber o que era a política, já eu tinha sido preso por lutar pela liberdade», o que Manuel Alegre está a mostrar é arrogância.
Um tipo de arrogância compósita:
- a arrogância individualista que não sabe reconhecer quando um indivíduo age em nome de uma instituição (Vitalino Canas falava em nome de um partido político, uma instituição central numa democracia, e foi para isso escolhido pelos órgãos legítimos - mas Alegre só reconhece legitimidade a si próprio pela graça de deus);
- a arrogância dos pretensos revolucionários que se acham donos dos frutos da revolução (Alegre ter-se-á batido pela liberdade, logo está acima de qualquer crítica);
- a arrogância dos populistas (que recorrem frequentemente a qualificações pessoalizadas para desviar os argumentos políticos, que são argumentos acerca do que fazer na vida pública);
- a arrogância dos aristrocratas de qualquer coisa: "eu pertenço à velha guarda, calem-se os recém-chegados".
Tanto fumo, afinal, apenas para mostrar não tem nada de novo a propôr - como aliás nunca teve. A única coisa que Alegre tem de esquerda é a voz. O resto que tem para dar é da mesma matéria: ar.
E isso é especialmente grave, porque em situações de crise é que se precisa de quem pense e invente novas saídas para velhos problemas. A esquerda alegre, pelo contrário, apenas trata de sobreviver agitando slogans. Essa esquerda é, aliás, a que mais convém à direita.


A imagem de um partido que alguma malta "de esquerda" apreciaria

(que me desculpem Wania Corredo e os Unidos da Tijuca e O Globo)