Há um coro de cidadãos a clamar pela evidência da impossibilidade. Da impossibilidade de um acordo político entre o PS e os que se julgam a esquerda da esquerda. Um acordo que abrisse um campo de governação responsável em toda a latitude desse termo. Certo, há um elevado grau de dificuldade nesse caminho, ninguém duvida. Que a prova do pudim só pode ser feita por uma via - tentando - é o meu ponto. Para isso reclamar-se-ia, em vez da retórica do concurso "a ver quem é mais vermelho", um outro concurso mais produtivo: ideias socialistas que não sejam a reedição de velhos fracassos, quem tem?
Pedro Bingre escreveu no Opinião Socialista (e eu fui pescar ao Ladrões de Bicicletas):
«Contraste-se este nosso regime comercial com o dos Países Baixos; o mercado imobiliário holandês é dos que mais exemplarmente executa a retenção pública de mais-valias urbanísticas. Mesmo que se encontrem contíguos aos perímetros urbanos, os solos agrícolas holandeses são transaccionados a preço estritamente agrícola, posto que qualquer comprador privado sabe de antemão que futuros acréscimos de valor do solo, produzidos por via de loteamentos, reverterão para o erário público. Além de reter as mais-valias urbanísticas, o Estado Holandês oferece também para arrendamento público mais de 30% do parque habitacional do país — fórmula que além de facilitar a mobilidade laboral e assegurar residência a preço justo para toda a população, dificulta sobremaneira o crescimento de bolhas imobiliárias.»
É destas coisas que falo quando falo da coligação negativa e do seu espelho.
[Produto A Regra do Jogo]