Eu, quando contrato um advogado, contrato-o para ele defender a minha causa: para explorar todas as virtualidades e todos os recantos das minhas razões e para contrariar todas as razões que podem danificar a minha. Por ser assim a justiça humana: não é um deus omnisciente que decide, mas um homem ou uma mulher (juiz ou juiza) que pesa os argumentos que lhe dão e é com essa luz que ilumina a sua decisão. Se o meu advogado se interessar mais por fazer brilhar as razões da outra parte, ou se dedicar ao exercício intelectual de me fazer aderir ao que ele ditaria se estivesse na posição de juiz imparcial, eu despeço esse advogado. E se calhar ainda tenho direito a ir fazer queixa dele. É assim a justiça humana civilizada: o sistema conta com as partes a apresentarem a melhor versão possível dos respectivos pontos de vista. E dessa compita se fazem as faúlhas do fogo da decisão possível.
Mas há quem ache que o advogado de uma instituição pública deve ser imparcial. Como o jornalista do Público que escreve a notícia IEFP afasta jurista por actuar de forma isenta e imparcial. Há quem faça joguinhos de palavras para pretender que o advogado de uma instituição deve ser outra qualquer coisa, talvez uma espécie de provedor das causas contrárias. A direcção e administração do jornal Público seguem a linha deste seu jornalista na relação com os seus advogados? Ou isto é pura demagogia barata, ao nível de jornal gratuito de má catadura? Ou este jornalista do Público vai proximamente criticar os seus patrões por não mandarem os seus advogados assumir posições de "imparcialidade" nas causa em que têm intervenção?