11.12.09

manifesto anti-cuspo


O Rui Herbon dá-nos a ler:

parar um pouco para lerem um aviso de Virgílio Ferreira (Escrever, página 215), que aqui com gosto e a custo zero lhes ofereço: «Não digas. Não digas mal do país, ou seja, de ti. Terás talvez a ideia de que o dizeres mal te separa do resto e te alça a ti a uma posição altaneira. Não penses. Fazes parte daquilo em que cospes, és pertença dessa sujidade. A grandeza de uma ofensa tem que ver com ela própria. A grandeza do cuspo é o escarrador que és tu. Aprende o orgulho de ti na grandeza ou na miséria. E se queres condenar a miséria que também é tua, fala um pouco grosso que não te fica mal. Podes talvez lamentar mas não escarnecer. Se cospes tornas visível o cuspo naquilo em que cuspiste. Como queres que os outros te respeitem se tu mesmo não o fizeres? Para o lixo há recipientes apropriados em que esse lixo não se vê. Não cuspas mais no país para que os outros não se enojem do cuspo em que revelas a terra que é tua e que, portanto, és tu».

E a que vem tudo isto? Tudo explicadinho no A escada de Penrose.