Mário Soares mostrou, há uns dias, preocupação com o estado do PSD, parece que dizendo que seria preciso ajudar esse partido a ultrapassar a crise que atravessa. Muita gente já expressou algum tipo de opinião acerca dos riscos que uma eventual implosão do PSD acarretaria para o sistema pluripartidário em Portugal. Até eu, pasme-se, escrevi há tempos neste blogue (um partido falhado?) sobre esse ponto.
Nada disto significa que tenhamos passado a ser simpatizantes do PSD, que tenhamos passado a concordar mais com ele,que tencionemos de futuro votar nesse partido. Não é esse, pelo menos, o meu caso. Significa, tão somente, que nos interessa o funcionamento de um sistema político onde as outras opiniões fazem parte do ecossistema das nossas próprias opiniões. Significa que não nos interessa nada ficar a falar sozinhos, que acreditamos na necessidade do pluralismo, que temos a noção de que o definhamento de um partido com uma presença tão forte no país não se resolverá depressa e bem num esquema partidário que (naturalmente) tem o seu grau de rigidez. E significa que temos a ideia de que isso poderia, caso não se resolvesse, ser um problema para a democracia.
Alguns, diferentemente, parecem pensar que a democracia consiste em cada um desejar que todos os partidos, excepto o seu próprio, ardam no fogo do inferno. Paulo Tunhas, que opinia regularmente no jornal i e subscreve as suas opiniões como filósofo, ou pelo menos como Professor de Departamento de Filosofia da Universidade do Porto, é talvez um dos elementos desse conjunto. Desenhei esta conjectura ao ler Tunhas a ligar um dos seus ataques pouco filosóficos ao PS com as palavras daquele Mário Soares preocupado com o PSD, misturando alhos com bugalhos e pondo em letra de jornal um pacote de banalidades. (Às vezes pergunto-me se é preciso ser um filósofo "à Tunhas" para escrever aquelas profundidades num jornal.) Ele não foi o único a querer ridicularizar Soares graças às suas preocupações com o PSD, mas, para mim, a palavra de um filósofo é sempre merecedora de mais atenção, que se há-de fazer a estas manias.
Fico agora à espera de novo artigo de Tunhas, desta feita agraciando Pinto Balsemão, que veio "alertar para o risco de suicídio do PSD". Tunhas permitirá a Balsemão estas liberdades ("Temos de sair deste lento suicídio"), com a desculpa de que ele, sendo militante, pode falar do PSD, embora os demais devam calar as suas preocupações? Ou Tunhas sentir-se-á escandalizado, mesmo assim, por haver quem diga publicamente que o actual momento do PSD é susceptível de causar perturbações à concentração dos debates nacionais nos verdadeiros problemas que nos afligem?
Nada disto significa que tenhamos passado a ser simpatizantes do PSD, que tenhamos passado a concordar mais com ele,que tencionemos de futuro votar nesse partido. Não é esse, pelo menos, o meu caso. Significa, tão somente, que nos interessa o funcionamento de um sistema político onde as outras opiniões fazem parte do ecossistema das nossas próprias opiniões. Significa que não nos interessa nada ficar a falar sozinhos, que acreditamos na necessidade do pluralismo, que temos a noção de que o definhamento de um partido com uma presença tão forte no país não se resolverá depressa e bem num esquema partidário que (naturalmente) tem o seu grau de rigidez. E significa que temos a ideia de que isso poderia, caso não se resolvesse, ser um problema para a democracia.
Alguns, diferentemente, parecem pensar que a democracia consiste em cada um desejar que todos os partidos, excepto o seu próprio, ardam no fogo do inferno. Paulo Tunhas, que opinia regularmente no jornal i e subscreve as suas opiniões como filósofo, ou pelo menos como Professor de Departamento de Filosofia da Universidade do Porto, é talvez um dos elementos desse conjunto. Desenhei esta conjectura ao ler Tunhas a ligar um dos seus ataques pouco filosóficos ao PS com as palavras daquele Mário Soares preocupado com o PSD, misturando alhos com bugalhos e pondo em letra de jornal um pacote de banalidades. (Às vezes pergunto-me se é preciso ser um filósofo "à Tunhas" para escrever aquelas profundidades num jornal.) Ele não foi o único a querer ridicularizar Soares graças às suas preocupações com o PSD, mas, para mim, a palavra de um filósofo é sempre merecedora de mais atenção, que se há-de fazer a estas manias.
Fico agora à espera de novo artigo de Tunhas, desta feita agraciando Pinto Balsemão, que veio "alertar para o risco de suicídio do PSD". Tunhas permitirá a Balsemão estas liberdades ("Temos de sair deste lento suicídio"), com a desculpa de que ele, sendo militante, pode falar do PSD, embora os demais devam calar as suas preocupações? Ou Tunhas sentir-se-á escandalizado, mesmo assim, por haver quem diga publicamente que o actual momento do PSD é susceptível de causar perturbações à concentração dos debates nacionais nos verdadeiros problemas que nos afligem?