Figuras gradas do PSD de PPC desdobram-se no ataque à Iniciativa para a Competitividade e o Emprego. PPC, ele, pessoalmente, parece não ter grande coisa a dizer sobre o assunto. Faz bem: talvez calado evite dizer uma coisa e o seu contrário, que é o que muitas vezes lhe acontece quando tem de opinar mais do que uma vez sobre a mesma matéria.
PPC deixa para generais e tenentes do seu exército a figura do "vale tudo", que é o que têm feito. Bagão Félix entra na peça para ir ensaiando a "nova AD". Este último, por exemplo, repetia ser um escândalo que o Estado ponha dinheiro no fundo para as indemnizações de despedimento - coisa que ele tinha obrigação de saber, quando falou, que era uma mentirola, nada mais do que uma mentirola.
Outros, entre os próximos de PPC, esqueceram-se da exigência de que, para além da contenção do défice, se tomassem medidas de incentivo ao crescimento e ao emprego - e, agora, quando, aprovado o orçamento, essas medidas começam a vir a público e a ser negociadas com os parceiros sociais, desdobram-se em críticas genéricas e poupam-se em extremo a qualquer análise séria do que foi apresentado. Parece que, no entender do PSD, competente seria um governo que esperasse sentado pela geração espontânea de soluções. Enquanto PPC fica calado, os seus amigos políticos regressam à grande misturada, incluindo na vozearia os argumentos soberanistas típicos do PCP e do BE ("as medidas foram impostas do exterior"), lavando as mãos do esforço, longe de concluído, para afinar os detalhes das dezenas de medidas destinadas a atacar a crise no plano da economia real. Aí, o PSD e a CGTP estão em sintonia: contribuir para melhores medidas não é com eles.
Como se percebe por coisas que aqui escrevi em ocasiões anteriores, não penso que todos os sinais dados pela Iniciativa do governo sejam aqueles sinais que fazem falta. Contudo, a ligeireza com que políticos e comentadores têm tratado o assunto, muitos dando a ideia de que nem tempo tiveram para ler a meia dúzia de páginas de resumo do "pacote", é confrangedora. E demonstra o grau de irresponsabilidade a que está confinada a estratégia de oposição do principal partido da direita portuguesa.
Dá a impressão que a oposição está atemorizada pela perspectiva de que o governo consiga fazer bem o duro trabalho de mobilizar o país para fazer face à crise.