Acabou há minutos o segundo debate televisivo Presidenciais 2011: Manuel Alegre, Defensor de Moura, RTP.
Manuel Alegre tem para resolver o problema de ser candidato do BE e do PS, o que, com as esquerdas que temos, é um caso tão bicado como a quadratura do círculo. Desta vez, não "correndo por fora", é mais difícil disfarçar essa dificuldade com um discurso de "coragem cívica". Mostrou um discurso bem articulado, com menos chavões do que às vezes lhe acontece, e aproveitou para ir denunciando o papel que Cavaco (não) tem desempenhado no ataque à crise.
Defensor de Moura, aproveitando bem o facto de ser "a novidade", marcou claramente o seu terreno: quer o voto dos socialistas que não estão confortáveis com a mancebia com o Bloco. É, provavelmente, um grande campo à espera. Não hostilizou Alegre, não se deixou intimidar por uma jornalista que não sabe distinguir entre um debate presidencial e um debate de legislativas, deixou algumas farpas a meio gás que podem ser explicitadas se isso vier a tornar-se conveniente (eu fui médico durante muitos anos, tenho experiência fora da política). Escolheu alguns temas "clássicos" de uma certa esquerda, como a corrupção e a regionalização. Num aspecto não esteve tão bem como Alegre: a enunciar os aspectos estruturantes, do ponto de vista político, da actual crise de soberania dos Estados face à alta finança internacional.
Em resumo, o debate terá sido estratégico principalmente para Defensor de Moura, num sentido: sublinhar que nenhum voto nele prejudica o objectivo de obrigar Cavaco à segunda volta.