Gente que, entre nós, se reclama de esquerda, anda nestes últimos dias embevecida com a apresentação ao mundo das obras telegráficas da embaixada americana em Lisboa. Que os "telegramas escolhidos" tenham sido dados à luz como fruto de um roubo gigantesco, não impede a popularidade do acto: há quem pense que um crime cometido com a ajuda da internet deixa de ser crime só por ser cyber. É o sex appeal do cyber. A moral agora é outra.
Neste novo panteão, se o herói global é Assange, o santo dos santos dos telegramas surrupiados, há vários beatos locais, que servem os altares de capelas mais pequenas. Quem conhece os santos e beatos de uma religião, fica só por aí com metade da sociologia dessa mouvance. Para os telegramas de Lisboa, o beato mais destacado é este novo herói da transparência e da verdade. Vale a pena conhecê-lo. Ajuda a perceber quem dá crédito a quem.
(via José Magalhães)