2.4.08

Sociedades Artificiais


É já na próxima segunda-feira, 7 de Abril, a primeira conferência do ciclo "Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais".
O ciclo de conferências, de natureza transdisciplinar, é organizado pelo Instituto de Sistemas e Robótica (Instituto Superior Técnico) e foi concebido como iniciativa de apoio aos projectos de Robótica Colectiva em desenvolvimento nesse Laboratório Associado.
O Ciclo inicia-se na próxima segunda-feira, 7 de Abril, pelas 17:30, com a conferência intitulada "Economia, Instituições e Sociedades Artificiais. Um guia do utilizador de metáforas económicas", proferida pelo Professor José Castro Caldas, do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
A conferência terá lugar no Anfiteatro do Complexo Interdisciplinar, Instituto Superior Técnico (campus da Alameda). Mais informação sobre localização clicando aqui.
Mais informação geral no sítio do ciclo de conferências.




Título definitivo e Antevisão desta conferência

Economia, Instituições e Sociedades Artificiais.
Um guia do utilizador de metáforas económicas.



Robots autónomos e inteligentes, vivendo em colectivo, não poderão deixar de ter de enfrentar problemas semelhantes aos que afligem os humanos em sociedade: os indivíduos, para quem é difícil (sobre)viver isoladamente, parecem experimentar igual dificuldade em faze-lo conjuntamente - a ordem social é precária, um misto de cooperação e de conflito cuja sustentação não é garantida. Este problema - o problema da ordem social - reemerge recorrentemente sob diferentes formas e envolve perplexidades que nos são familiares: Como é que, apesar da rivalidade e do conflito, os seres humanos mantêm e reproduzem as redes de relacionamento a que chamamos sociedade? Como é que a sociedade, apesar de tudo, é possível?


É natural portanto que os estudiosos de robots em colectivo, ou os seus criadores, se voltem para as Ciências Sociais, incluindo a Economia, em busca de respostas e de metáforas, ou de modelos, que os ajudem a desenhar e compreender o comportamento dos seus artefactos. Compete-me alertar para que ao faze-lo é importante não perder de vista que as Ciências Sociais são um saber plural onde coexistem diferentes tradições ou paradigmas, e, portanto, que em Economia as respostas ao problema da ordem social, tal como as concepções de sociedade, de ordem e de agente, divergem. Isso significa que mesmo quanto a metáforas há lugar para escolhas.


O que se fará é o esboço de um mapa do território da Economia que destaca algumas das principais perspectivas em confronto. Partiremos da “Tragédia dos Comuns” - uma parábola muito vezes evocada para ilustrar o conflito indivíduo-colectivo e a precariedade da ordem. Como veremos, as diferentes ‘soluções’ concebidas para conjurar a tragédia são ilustrativas de três princípios de ordem distintos. Constataremos que, em consequência do reconhecimento da impossibilidade de uma ordem baseada num só princípio, as diversas concepções de ordem social existentes em Economia envolvem sempre uma combinação ou articulação de princípios. É o que acontece nomeadamente nas regiões do mapa ocupadas respectivamente pela Economia Neoclássica e pela Economia Institucionalista. No entanto, os princípios que são combinados e o modo como a sua articulação é concebida em cada uma destas tradições diferem substancialmente.


O mapa é muito incompleto - representa apenas os contornos de duas das múltiplas regiões - e não é neutro. Como se verá, do modo como foi desenhado, todos os caminhos conduzem às instituições.