10.4.08

professores: o princípio da regressão na carreira

(Porto, Rua de Santa Catarina, Maio de 2006, Foto de Porfírio Silva)

"Sindicatos admitem apenas avaliação simplificada e uniforme dos professores contratados", titula o Público. E acrescenta: "Depois do Ministério da Educação (ME), foi a vez da plataforma que reúne todos os sindicatos dos professores dar um passo atrás nas suas exigências".

Este é o estado da negociação colectiva em Portugal: tanto o Estado como os patrões são incentivados a tentar impor soluções que nunca passam por verdadeiras negociações.

Em primeiro lugar, porque na maior parte dos casos os representantes dos trabalhadores, nomeadamente sindicatos, também não têm nada para negociar e apenas tentam manter o estado de coisas, assentes numa mentalidade de retaguarda que só pensa "manter tanto tempo quanto possível o que já temos", em vez de pensar "que novos direitos serão mais consentâneos com as novas realidades". Assim, quem quer mudar alguma coisa tem, na maior parte dos casos, de forçar a mão.

Mas, e em segundo lugar, na maior parte dos casos também os representantes do Estado e os representantes dos patrões não têm ideias novas acerca de como colocar uma negociação em bases que fujam das alternativas estafadas. O caso dos professores é um bom exemplo de como perdemos, ou nunca chegámos a ter, o bom hábito de verdadeiramente negociar. Se calhar somos demasiado manhosos para isso.

Face a isto, quando parece que já só se trata de "salvar a face", apetece introduzir uma "progressão na carreira ao contrário". Se os sindicatos só aceitam que sejam avaliados os professores que disso precisam para progredir, então introduzimos o princípio da regressão na carreira: quem não for avaliado, "avança para trás". Depois talvez os sindicatos concordem com a avaliação de todos aqueles que estejam em risco de "recuar na carreira".