7.4.08

Ciências do Artificial

O Ciclo de Conferências “Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais” suscitou um número interessante de reacções em variados locais na rede, designadamente (mas não apenas) em blogues. Por exemplo:

no De Rerum Natura
em Ciência.PT
no Diferencial, jornal dos estudantes do Técnico
no Ciência ao Natural
em Ciência Viva
em JoanaRSSousa
na página do Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa
no Páginas de Filosofia
no Telegrapho de Hermes
no Muita Terra
no A ver o mundo .

Um aspecto interessante de muitas reacções ao tema é, para dizer o mínimo, desconfiança. Outro aspecto, menos interessante mas muito espalhado na blogosfera, é a ignorância arrogante: a partir de informação zero fazem-se inúmeras afirmações categóricas.

Com respeito pela desconfiança, e com alguma comiseração pela ignorância arrogante (o que me choca não é a ignorância, porque todos somos ignorantes de quase tudo; o que me choca é a arrogância, mesmo quando não é ignorante) acho útil dizer qualquer coisa a bem de quem queira ir além das ideias gerais sobre estas questões.

Assim, e para começar, gostava de esclarecer o que segue: os cientistas e filósofos que estudam as questões do artificial (inteligência artificial, vida artificial, "animats", etc.) não têm todos a mesma perspectiva sobre o que se faz nesses campos, nem sobre o que se deve fazer, e muito menos sobre o significado do que se anda a fazer.
Alguns acham que já se compreende o essencial, outros acham que ainda não se compreende praticamente nada.
Uns acham que o que é típico do humano é ser "calculador" e isso pode ser reproduzido facilmente em máquinas, outros acham que o artificial não atinge o "significado" e por isso não chegará longe.
Uns acham que a investigação sobre o artificial é perigosa, outros acham que ela é necessária para compreender o que já hoje se faz e as consequências que daí podem advir.
E, afinal, o que se pensa sobre o artificial tem, as mais das vezes, muito a ver com o que se pensa sobre o humano.
Assim sendo, o que eu sugiro é que não nos devemos convencer facilmente de que já sabemos o que é o "artificial" hoje em dia.
Para começar, quase como "pré-interrogação", sugiro as seguintes postas de um antigo blogue meu, inactivo há muito:
O xadez dos computadores
Breve história da máquina de Turing
Robots futebolistas em Lisboa

E neste blogue actual, por exemplo:
Vida Artificial, o que é isso? 1/4
Vida Artificial, o que é isso? 2/4
Vida Artificial, o que é isso? 3/4
Vida Artificial, o que é isso? 4/4

Uma introdução a ELIZA
ELIZA, o psicoterapeuta automático
Uma consulta de ELIZA
O mecanismo interno de ELIZA
O que os computadores podem mas não devem fazer
Onde ELIZA leva à questão ética

Ou ainda, para ver uma amostra das possibilidades de ligação entre natural e artificial, o seguinte apontamento:

Controlo mental

Ou para um exemplo dos robots que existem nesta selva de "artificial":
Certos robots que por aí andam

Depois desta viagem, mesmo assim muito ligeira e muito fragmentária, por alguns dos terrenos das "ciências do artificial", um diálogo será mais informado e mais produtivo. E, para esse, quando aparecer, cá estaremos.