Sindicatos e Ministério da Educação chegaram a acordo. O acordo em si e o processo para lá chegar dizem muito sobre a qualidade da vida pública portuguesa.
Primeiro. Quando trabalhadores do serviço público (professores) anunciam publicamente que não vão cumprir a lei (vão recusar fazer a avaliação prevista por lei), e os sindicatos fazem voz grossa a anunciar até quando toleram que a ministra seja ministra, está tudo dito. De hoje a amanhã os polícias só prendem se lhes apetecer e por aí adiante. E as oposições, tanto de direita como de esquerda, agradecem que os sindicatos façam o trabalho de que elas não são capazes. A função de governar e de discutir a governação (política) e a função de representar interesses laborais (sindicalismo) estão baralhadas e já ninguém se espanta com isso.
Segundo. A negociação mostra onde está a cabeça dos sindicatos. O que seria desejável numa negociação era que ambas as partes defendessem as soluções mais capazes de conciliar o seu interesse próprio com o interesse comum. Por exemplo, eu veria os professores, que se queixam (provavelmente com razão) de falta de condições para cumprir muitas das suas missões, a exigir que uma avaliação mais exigente fosse acompanhada de estas e aquelas concretas melhorias nas suas condições de trabalho e de exercício funcional. Mas não: no momento de negociar, que é sempre um momento de troca por troca, todas essas queixas se desvanecem face ao objectivo de adiar e aligeirar tanto quanto possível a dita (e indispensável) avaliação. É a lógica de fazer com que as negociações resultem sempre num degrau descido, em vez de resultarem num degrau subido. A Ministra, por seu lado, atreveu-se a uma guerra e agora espera que os mortos e feridos sirvam para alguma coisa em futuras batalhas. E, certamente, o seu comportamento foi gerido pela nova fase da governação: a campanha eleitoral.
Grande país. Quem contará a história aos netos?
Primeiro. Quando trabalhadores do serviço público (professores) anunciam publicamente que não vão cumprir a lei (vão recusar fazer a avaliação prevista por lei), e os sindicatos fazem voz grossa a anunciar até quando toleram que a ministra seja ministra, está tudo dito. De hoje a amanhã os polícias só prendem se lhes apetecer e por aí adiante. E as oposições, tanto de direita como de esquerda, agradecem que os sindicatos façam o trabalho de que elas não são capazes. A função de governar e de discutir a governação (política) e a função de representar interesses laborais (sindicalismo) estão baralhadas e já ninguém se espanta com isso.
Segundo. A negociação mostra onde está a cabeça dos sindicatos. O que seria desejável numa negociação era que ambas as partes defendessem as soluções mais capazes de conciliar o seu interesse próprio com o interesse comum. Por exemplo, eu veria os professores, que se queixam (provavelmente com razão) de falta de condições para cumprir muitas das suas missões, a exigir que uma avaliação mais exigente fosse acompanhada de estas e aquelas concretas melhorias nas suas condições de trabalho e de exercício funcional. Mas não: no momento de negociar, que é sempre um momento de troca por troca, todas essas queixas se desvanecem face ao objectivo de adiar e aligeirar tanto quanto possível a dita (e indispensável) avaliação. É a lógica de fazer com que as negociações resultem sempre num degrau descido, em vez de resultarem num degrau subido. A Ministra, por seu lado, atreveu-se a uma guerra e agora espera que os mortos e feridos sirvam para alguma coisa em futuras batalhas. E, certamente, o seu comportamento foi gerido pela nova fase da governação: a campanha eleitoral.
Grande país. Quem contará a história aos netos?